A defesa e afirmação da soberania e da independência nacional está no núcleo da alternativa patriótica e de esquerda que o PCP propõe ao povo português. Para o PCP essa é antes do mais uma questão de princípio, inerente à sua condição de partido patriótico e internacionalista, uma das seis características fundamentais da sua identidade comunista. O que por si bastaria para justificar a firme oposição do PCP à política do governo minoritário do PS que, na linha de sucessivos governos, vem praticando uma política externa de vergonhosa subalternidade alinhada e submissa em relação à União Europeia, à NATO e aos EUA.

O que é tanto mais grave quanto vivemos uma situação internacional instável e perigosa em que é absolutamente necessário lutar para que o nosso País não fique amarrado de pés e mãos perante uma nova e ainda mais destruidora crise económica e financeira, nem seja arrastado na escalada de militarismo, agressão e guerra conduzida pelo imperialismo norte-americano e seus aliados. Portugal não pode ser joguete das grandes potencias capitalistas na sua correria para fugir ao aprofundamento da crise do sistema e defender uma hegemonia planetária que lhes escapa, antes tem de intervir com autonomia e voz própria na cena internacional contra a corrida aos armamentos, pela paz, a cooperação e a amizade entre os povos.

Não podemos admitir que Portugal participe em organizações e acordos que lhe imponham condições atentatórias dos interesses do povo português nem conformar-nos com escandalosas posições reaccionárias, em que o Ministro dos Negócios Estrangeiros se tem destacado, que se escudam em «compromissos internacionais» para curvar a cerviz e interferir nos assuntos internos de outros povos. Isto diz particularmente respeito ao processo de integração europeia com a participação de Portugal na UE e no Euro e, no plano da política de defesa nacional, em relação à NATO com a qual continuam a ser assumidos graves compromissos – nomeadamente aumento das despesas com armamento, tropas em «missões» no Iraque e outros países, anunciadas gigantescas manobras militares na Europa dirigidas contra a Rússia. Abundam infelizmente os exemplos de comportamentos contrários à letra e espírito da Constituição e da Carta da ONU. Veja-se o estranho convite do Presidente da República ao fascista Bolsonaro para visitar o nosso País ou o encontro em Lisboa de Pompeu e Netanyahu fazendo de Portugal trampolim de agressão ao povo palestiniano. Particularmente significativo de uma política externa de submissão nacional é a participação do governo português, desde o primeiro momento e na primeira linha, na conspiração imperialista contra a Venezuela Bolivariana que o PCP não se cansará de denunciar, exigindo o cabal apuramento dos factos que rodearam a suspeita utilização do território português e da companhia aérea nacional pelo fantoche Guaidó no passado dia 13 de Fevereiro.

Unir todas as forças democráticas e patrióticas na luta para libertar Portugal da vergonhosa política externa de submissão ao imperialismo é um imperativo da hora presente.

in “Avante” a 27 de Fevereiro