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31 Sexta-feira Jan 2020
Posted Internacional, Nacional, Política, Sociedade, UE
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30 Quinta-feira Jan 2020
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Continuam a correr «litros de tinta» nos jornais, opiniões de comentadores e de analistas; politólogos «encartados» gastam dezenas de horas nas televisões e rádios a dizer que o Estado falhou e a criticar os serviços públicos que, constitucionalmente, o Estado está obrigado a prestar à população. Procuram, assim, ocultar que o estado a que o Estado chegou ou, melhor dizendo, o estado a que chegaram os serviços e funções sociais cometidas constitucionalmente ao Estado – na saúde, educação, segurança social, justiça, segurança das populações e demais serviços públicos – é, afinal, da inteira responsabilidade do PS, PSD e CDS que, ao serviço do grande capital, governaram o país nas últimas quatro décadas.
Em paralelo, alguns dos recentes deputados eleitos para a Assembleia da República, como os da designada Iniciativa Liberal (IL) e do CHEGA, e outros, como a Aliança (que não tendo tido eleitos gostava de os ter), obtendo palco na comunicação social, juntam-se ao coro do PSD e CDS, bebendo na cartilha neoliberal contra o «maldito» Estado e sobretudo contra a Constituição da República.
Com efeito, e ao contrário do que nos querem fazer crer, como a Iniciativa Liberal (IL) de João Cotrim (apresentado como o descobridor) ou o CHEGA de André Ventura (apresentado como o irreverente da direita mais radical), a cartilha neoliberal sobre o papel e funções sociais do Estado há muito que foi desenhada pelos centros do grande capital.
28 Terça-feira Jan 2020
Posted Arouca, CDU Arouca, Francisco Gonçalves, Internacional, Nacional, PCP
inNo final do ano de 2019, lá para as bandas de Itália, caso nada tenha nascido entretanto, surgiu mais um movimento anti-sistema, as Sardinhas. No dizer dos protagonistas, as sardinhas (que enchem praças como sardinhas na canastra) são uma resposta ao populismo de Salvini, contra o ódio e pela harmonia, o que está bem, não se dizem de esquerda nem direita, como convém.
Estranhos dias estes, de equívocos e excitações. A um lado, nacionalismos vários (“populistas”), que se dizem contra as elites financeiras e liberais e pelos genuínos do povo-da-nação. A outro, fugindo, como o diabo da cruz, da identificação de esquerda, os das causas fragmentadas, muitas nobres até. Uns e outros contra uma tal “classe política”.
Entretanto, quem de facto manda nisto tudo, os da massa, sossegadamente lá vai acumulando enquanto o pagode se entretém com as causas de época. E o capitalismo (a sociedade de mercado, a sociedade de consumo) segue o seu rumo, espremendo os de baixo, como se nada fosse.
Os teóricos do sistema postulam: a sociedade de consumo está a dar lugar à sociedade de utilizadores. Deve ser nova categoria, sociologia do entretenimento. Consumir serviços em vez de produtos não representa nenhuma alteração de fundo na natureza da sociedade de consumo, as relações sociais continuam sob dominação das relações de mercado.
27 Segunda-feira Jan 2020
Posted Internacional, Nacional, PCP, Política
inComemoram-se hoje 75 anos da libertação, pelo Exército Soviético, do campo de concentração nazi de Auschwitz, onde foram sistematicamente assassinados – nas câmaras de gás, pela fome e a doença, nos fuzilamentos e sob a tortura – mais de um milhão e cem mil seres humanos.
Ao assinalar esta data, o PCP recorda o papel determinante e inesquecível da URSS, do povo soviético e do seu Exército Vermelho, na derrota de Hitler e do nazi-fascismo, a expressão histórica mais violenta e terrorista do capitalismo. Os épicos sacrifícios do povo soviético na Segunda Guerra Mundial – com os seus mais de 20 milhões de mortos –, que levaram à libertação dos povos e dos trabalhadores da barbárie nazi-fascista, nunca serão esquecidos.
Nos campos de concentração nazis foram exterminados milhões de seres humanos, na sua maioria prisioneiros de guerra e civis soviéticos, judeus, eslavos, entre outros. Mas os campos de concentração nazis foram também campos de trabalho escravo ao serviço dos grandes monopólios alemães – IG Farben, Krupp, Siemens, AEG e outros – que desempenharam um papel decisivo na ascensão de Hitler e do nazismo ao poder. Campos onde a exploração do trabalho humano era levada ao extremo – até à morte – e onde os considerados inaptos para o trabalho eram cruelmente eliminados.
Nenhuma campanha de mentiras e de falsificação histórica poderá jamais apagar o papel decisivo da União Soviética e dos comunistas, encabeçando a Resistência e o combate que derrotou o nazi-fascismo à custa de inenarráveis sacrifícios.
Combate contra o fascismo, em que se insere a luta do Partido Comunista Português pela liberdade e a democracia, contra a ditadura fascista em Portugal, que durante quase meio século oprimiu o povo português, liquidou as mais elementares liberdades, condenou o nosso País ao atraso e à miséria, reprimiu, torturou e assassinou, conduziu criminosas guerras coloniais.
Os comunistas foram as primeiras vítimas do fascismo. Foi em nome do anti-comunismo que grande parte da classe dominante foi conivente e apoiou a ascensão e a brutalidade do fascismo, e não apenas nos países – como Portugal – onde alcançou o poder. Uma conivência que teve uma clara marca de classe, inseparável do desejo de ver o nazi-fascismo esmagar o movimento operário e os partidos comunistas, salvar um capitalismo em profunda crise, e agredir e destruir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
26 Domingo Jan 2020
1. Na tentativa de esconder a existência do estado capitalista enquanto estado de classe, enquanto ditadura da burguesia, o discurso dominante insiste na tese de que o neoliberalismo é um sistema libertário, que dispensa o estado.
A social-democracia europeia reconhece hoje que «mudou radicalmente de atitude face ao estado», ao longo do século XX: em 1.º lugar, porque abandonou a «posição libertária de querer destruí-lo [ao estado capitalista], como dominação e factor de dominação burguesa»; em 2.º lugar, porque houve uma mudança no que toca à «arquitectura institucional do estado.» Em Portugal, Augusto Santos Silva apresenta o estado capitalista como um «espaço de integração social e intervenção política para as organizações vinculadas ao movimento operário», como «expressão da comunidade política nacional», como «espaço de pertença de toda a colectividade», como «representação política de toda a sociedade.»
Num tempo em que «as eleições são obscenamente caras», o direito a participar no estado transformou-se num ‘bem’ que tem de se ‘comprar’ no mercado, e este ‘mercado’, como todos os outros, é controlado pelo grande capital: a soberania do cidadão (como a soberania do consumidor) é pura fantasia. Quem tem dinheiro, ganha as eleições. E todos sabemos que não há almoços grátis… Como sublinha Stiglitz, «os mercados são modelados pela política», porque «as políticas determinam as regras do jogo económico», sendo certo que «o campo do jogo está inclinado para os 1% do topo», porque «as regras do jogo político também são moldadas por esses 1%.»
24 Sexta-feira Jan 2020
Posted Internacional, Política
inA decisão de Trump de assassinar um dos mais proeminentes e respeitados chefes militares do Irão, o major-general Qassim Suleimani, acrescentou ainda mais um nome à lista de pessoas mortas pelos EUA – que muitos consideram, com razão, o maior «estado velhaco» do mundo.
O assassínio incrementou as hostilidades entre Teerão e Washington e criou uma situação ainda mais explosiva no politicamente volátil Médio Oriente. Como era de esperar, o Irão prometeu retaliar nos seus próprios termos pela morte do seu general, ao mesmo tempo que anunciava que se retiraria do acordo nuclear. O parlamento do Iraque, por sua vez, votou a expulsão de todas as tropas dos EUA, mas Trump respondeu com ameaças de sanções se os EUA forem forçados a remover as suas tropas do país.
Como o intelectual público de renome mundial Noam Chomsky destaca nesta entrevista exclusiva para Truthout, o principal objectivo da política externa dos EUA no Médio Oriente tem sido controlar os recursos energéticos da região. Aqui, Chomsky – professor universitário emérito do MIT e professor de linguística da Universidade do Arizona que publicou mais de 120 livros sobre linguística, temas globais, política externa dos EUA, estudos dos media, política e filosofia – oferece a sua análise do acto imprudente de Trump e seus possíveis efeitos.
C.J. Polychroniou: Noam, o assassínio pelos EUA do comandante da Força Quds do Irão, Qassim Suleimani, reafirmou a duradoura obsessão de Washington com Teerão e seu regime clerical, que remonta ao final da década de 1970. O conflito entre os EUA e o Irão é acerca do quê, e constitui o assassínio de Suleimani um acto de guerra?
Noam Chomsky: Acto de guerra? Talvez possamos contentar-nos com terrorismo internacional imprudente. Parece que a decisão de Trump, baseada num capricho, chocou por motivos pragmáticos as altas autoridades do Pentágono que o tinham informado sobre opções. Se desejamos olhar para além, disso podemos perguntar como reagiríamos em circunstâncias comparáveis.
Suponha que o Irão assassinava a segunda maior autoridade dos EUA, o seu principal general, no aeroporto internacional da Cidade do México, juntamente com o comandante de uma grande parte do exército apoiado pelos EUA de uma nação aliada. Seria isso um acto de guerra? Outros decidirão. Para nós é suficiente reconhecer que a analogia é suficientemente justa e que os pretextos apresentados por Washington colapsam tão rapidamente ao serem examinados que seria embaraçoso estar a percorrê-los.
22 Quarta-feira Jan 2020
Posted A Água, A Rede Escolar, Justiça, Juventude, Política, Portugal, Saúde, Segurança Social, Sociedade, Transportes
in21 Terça-feira Jan 2020
Posted Internacional, Notícias, Política, Sociedade
inO assassinato do general iraniano Qassem Soleimani por ordem de Trump veio uma vez mais pôr a nu a hipocrisia que reina na comunicação social dominante e a desonestidade intelectual de governantes e instituições, ONU incluída, que se dizem democráticos. Sempre prontos a intervir em nome da «democracia» ou da variante «direitos humanos», uns e outros metem a viola no saco quando o prevaricador tem assento na Casa Branca.
Pouco importa que Trump aja à revelia dos próprios órgãos de soberania norte-americanos ou viole o direito internacional. Pouco importa que minta, ofenda ou prejudique até os seus putativos aliados. Os sabujos do costume abanam a cauda e assobiam para o lado, e na melhor das hipóteses concedem que «Trump é louco» enquanto vão papagueando que Putin, Xi Jinping ou Maduro são ditadores.
Assim, a notícia de que afinal não havia «provas» de que Qassem Soleimani estaria a planear ataques contra embaixadas norte-americanas, como disse Donald Trump para «justificar» a ordem para matar, passou com a leveza de um vol au vent. Mark Esper, secretário da Defesa dos EUA, foi taxativo ao afirmá-lo numa entrevista ao canal CBS News, mas não fez qualquer diferença.
20 Segunda-feira Jan 2020
Posted Álvaro Couto, Internacional, Política
inMísseis estão caindo
e eu sentado frente à televisão
o dia todo.
Há gente morta pelo chão,
com o tempo fugindo
e cicatrizes por todo o corpo.
Em boa verdade, naquele espaço
não há um prédio de pé,
nem sequer há gente suficiente que disso faça fé,
enquanto sinto minha alma como o aço.
Não é ainda a guerra,
mas ela não espera . . .
19 Domingo Jan 2020
Propomos aos leitores um exercício simples: anotar os títulos maiores de um dos noticiários da CM-TV. Peguemos no das 19h45 de terça-feira passada, por exemplo: pai mata filha bebé, justiça incompetente, menina atropelada, incêndio, atropelamento, descarrilamento, despiste, adolescente desaparecido, morte, desaparecido viajou a convite de individuos de etnia cigana, táxi atirado ao rio, decapitada, colisão mortal, caos nas urgências, agressão no hospital, mata amante para roubar, escondia dinheiro nas cuecas, morte sem culpados, GNR sem luz, Estado condenado. Ufa. Mesmo poupando os leitores do Avante! à catadupa de notícias e alertas sobre futebol ou a viúva Rosa, só de ler, já disparam os níveis da ansiedade.
É isto, todos os dias, em versão papel, digital e televisiva, em casas, cafés e salas de espera por todo o país. Haverá quem se considere imune, mas são muitos os consumidores deste tipo de «informação» – que está longe de se esgotar no Correio da Manhã – que a recebem sem filtros e a integram na sua visão do mundo.
Vem isto a propósito do estudo divulgado recentemente que coloca Portugal como o terceiro país mais seguro do mundo, acolhido com surpresa por muitos, face ao bombardeamento diário de casos de polícia promovidos a espectáculo mediático. O PCP leva a segurança das populações muito a sério. Viver em segurança é um direito, e é necessário um sistema de segurança interna de proximidade, que previna e combata a criminalidade, com meios adequados e profissionais valorizados.
Medo, desconfiança, insegurança, a sensação permanente de perigo iminente, não são só a consequência de um certo estilo de jornalismo. Também são o objectivo de forças reaccionárias que procuram espaço para os seus projectos anti-democráticos. Dar-lhes combate passa também por responder aos problemas concretos das populações em matéria de segurança, promovendo a tranquilidade e o exercício dos direitos.
18 Sábado Jan 2020
Posted Agricultura, Cultura, Educação, Justiça, Juventude, Saúde, Transportes
inIndependentemente da consolidação na proposta de Orçamento do Estado de medidas positivas inscritas, pela acção do PCP, em orçamentos anteriores, o Serviço Nacional de Saúde mantém dificuldades gritantes ao nível do investimento e dos trabalhadores. Os transportes públicos exigem a aquisição de navios, comboios e autocarros. A floresta reclama uma outra atenção para não ser reduzida a cinzas. As forças de segurança precisam de mais efectivos e de mais meios para cumprir o seu papel. A cultura precisa de ver aumentado em muito a parte que lhe é dedicada. Faz falta alargar o abono de família e garantir a gratuitidade das creches. Estudantes deslocados continuam a desistir dos estudos por não conseguirem pagar um quarto. Centenas de escolas esperam pela remoção do amianto. A justiça fiscal continua em causa, designadamente, sem a actualização dos escalões do IRS. Os trabalhadores da Administração Pública continuam maltratados na proposta de OE do Governo…
Poderíamos continuar a registar problemas a que o OE do Governo do PS não dá a resposta que se impõe, porque a sua opção foi a de dar prioridade ao excedente orçamental.
Face a isto, e no primeiro dia de propostas de alteração, qual a atitude dos diversos partidos?
17 Sexta-feira Jan 2020
Posted Política, Portugal, Sociedade, Trabalhadores, UE
in
16 Quinta-feira Jan 2020
Nunca na minha vida contei a ninguém o segredo do João. Já adulto, não o via há sei lá quantos anos, e às vezes pensava nele, pá («em frente!»), a abrir caminho à quadrilha, a deboiçar mato de cisto a golpes de braços nus, indiferente às silvas que a nós nos cortavam nas canelas como canivetes («esquerda volver!») e o gajo, pá, de calções, sem um arranhão, sei lá como, isento de amores-de-burro que a nós se nos abotoavam aos atacadores e às meias da raquete. O João, pá, a desbravar a tarde alentejana como um bandeirante na Serra dos Motrinos1. Até que a um gesto seu a coluna estacava («sentido!») e o João, pá, com perícia militar, a dar o azimute («olhar esquerda!») do bando de pardais às nove horas («apresentar arma!»).
Eu era o único do grupo que sabia do extraordinário fenómeno sobrenatural que ia ali repetir-se diante dos nossos olhos. Já nem sequer tirava a patilha de segurança da pressão de ar («pelotão de execução: preparar!»). Ali ficava, a apreciar aquela cena por cima do cano do fuzil, pá, sorridente e invisível à minha unidade de guerrilheiros do sétimo ano que pelas miras só podiam ver pardais («apontar!») e não podiam ver o João, e não o poderiam entender.
E então, uma fracção de segundo antes da troada calar as cigarras («fogo!»), um chumbo antecipava-se contra o céu, assobiava muito acima das cabeças dos pardais em debandada e dissolvida-se em vapor na tremulina. «Porra, pá! Outra vez? Mas quem é que disparou antes?! Fugiram todos!». E eu sorria, silencioso aos protestos furiosos do João, porque o segredo dele estaria sempre seguro comigo, mesmo que um dia tivéssemos 18 anos e as armas fossem a sério e ele ainda se recusasse a matar, já não um pardal, mas uma ideia, ou um sonho, ou um amigo.
15 Quarta-feira Jan 2020
Ultrapassado o espelho da «modernidade» assumida por algumas esquerdas, por mais que lapidem a realidade o que se encontra, de facto, é a renúncia a uma sociedade que se oponha à desordem do mundo actual.
A batalha ideológica que se trava desde que Marx estabeleceu as traves mestras de interpretação do mundo, em que a ideia central é a relação entre o capital e o trabalho, a luta de classes, as relações entre infra-estrutura e superestrutura, tem sido intensa e, na actualidade, é polarizada pelo imperialismo norte-americano que persegue dois grandes objectivos consonantes: um económico e outro cultural.
Uma estratégia que se iniciou no pós-Segunda Guerra Mundial, com a guerra fria cultural1, se intensificou com a queda do Muro de Berlim e está triunfante nas políticas pós-política.
Os anos 60 são os anos de corte em que se inicia a passagem para a política, a economia e a cultura actuais. Em que o papel do estado se começa a alterar substancialmente, passando de um Estado interventivo e garante do bem-estar para o tendencialmente Estado mínimo neoliberal, dominado pelas leis do mercado e do paradigma da iniciativa privada que é desmentido pela situação de crise permanente e senil em que o capitalismo vive, em que o Estado é o pronto-socorro que despeja triliões de dólares para salvar o sistema financeiro e os privados. Com a financeirização da economia as desigualdades aumentaram brutalmente. Desde 1980 os 1% com mais rendimentos capturaram duas vezes mais ganhos do que os 50% mais pobres. Entre 1988 e 2008, os 10% mais ricos da população mundial apropriaram-se de mais de 60% de todo o crescimento do rendimento mundial. Em 2010, 1% dos mais ricos do planeta controlavam 46% de toda a riqueza mundial. Não há democracia possível numa economia em que há tal desigualdade de poder, realidade que se pretende ocultar com a mercadorização da cultura para consolidar a hegemonia pela modelação da consciência popular. É o fenómeno da globalização que decorre do desenvolvimento capitalista neoliberal, em que se vende a ideia que a liberdade do mercado seria mais igualitária quando não há nada mais desigual do que o tratamento igual entre desiguais.
14 Terça-feira Jan 2020
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12 Domingo Jan 2020
Posted Internacional, Política, Portugal
inAntes que a enxurrada de desinformação produzida pela comunicação social corporativa mistifique a história oficial destes dias de guerra, caos e ilegalidade na cena internacional, é altura de descodificar a cadeia de acontecimentos, para que seja possível distribuir responsabilidades e invalidar mentiras. Se os Estados Unidos da América, como é habitual e natural, sobressaem como os artífices de uma trama que ameaça o planeta, é importante notar que o «nosso mundo civilizado», com a NATO e a União Europeia à cabeça, não fazem figura de inocentes. Aliás, nem o governo da República Portuguesa se salva.
Já poucos terão presente que esta escalada de guerra dos Estados Unidos contra o Iraque e o Irão – ao que parece agora militarmente amainada – se iniciou em 27 de Dezembro com um suposto ataque da organização paramilitar iraquiana xiita Kataeb Hezbollah contra uma base ocupada por tropas norte-americanas no Iraque, provocando a morte de um contratado civil e ferimentos em quatro militares.
E aqui começa a história a ser mal contada.
Em momento algum, até hoje, as fontes oficiais e oficiosas norte-americanos prestaram informações adicionais sobre este incidente, por exemplo divulgando a identidade do falecido, a entidade para a qual trabalhava e os nomes dos feridos.
No dia seguinte veio a «resposta» norte-americana: caças F-15 bombardearam cinco bases do Kataeb Hezbollah no Iraque e na Síria, instalações que foram e continuam a ser fulcrais no combate contra o Isis ou Estado Islâmico e a Al-Qaeda. Desenhava-se aqui uma tendência: punir organizações ou entidades que contribuem para tentar desmantelar o terrorismo que descende directamente do que foi criado no Afeganistão por Bin Laden e a CIA em coordenação com outros serviços secretos, designadamente os britânicos, sauditas e paquistaneses.
11 Sábado Jan 2020
Manuel Carvalho, director do Público, redigiu no passado dia 28 de Dezembro um Editorial com um titulo acutilante: «O país continua à venda». Afirma MC que «Só este mês a Altice desfez-se de metade da sua rede de fibra óptica, vendida à Morgan Stanley Infraestructures Partners, o grupo Vasco de Mello e o seu parceiro Arcus vão alienar 80% dos direitos de voto na Brisa, a EDP fechou negócio com um consórcio de empresas francesas liderado pela Engie que lhes permitirá controlar seis barragens e, outra vez a Altice, transferiu para um grupo do Bahrein 85% da gestora dos fundos de pensões da TLP, Marconi e TDP». O diagnóstico é certeiro e a chamada de atenção, tantas vezes feita pelo PCP ao longo dos anos, é importante.
Contudo, o editorial de MC não só não consegue ir muito além do desabafo, como está ferido de contradição. Contrariamente ao que afirma, não é a falta de «ambição do capitalismo português» que está na origem deste processo. É exactamente o contrário. A origem da alienação para o estrangeiro de activos e sectores estratégicos nacionais está na «ambição capitalista» que ditou e dita o processo de privatizações e na cada vez maior interligação entre o grande capital nacional e transnacional, por via, nomeadamente, do processo de integração capitalista europeu.
09 Quinta-feira Jan 2020
Posted PCP, Política, Portugal, Sociedade, Trabalhadores
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Declaração de João Oliveira, Presidente do Grupo Parlamentar e Membro da Comissão Política do Comité Central, Conferência de Imprensa, 8 de Janeiro
O aprofundamento da análise sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2020 confirma aspectos centrais identificados pelo PCP na sua primeira apreciação.
Sendo uma proposta da responsabilidade do Governo do PS, ela é determinada pelo conteúdo da sua acção governativa e opções que limitam, e em diversos planos impedem, a resposta a problemas centrais do País. Consolidando no essencial muito do que foi possível alcançar nos últimos anos pela acção e intervenção decisiva do PCP e pela luta dos trabalhadores e do povo português, a proposta de OE apresenta insuficiências e limitações relevantes, não se verificando continuidade no ritmo nem na expressão e alcance dos avanços registados nos orçamentos da anterior legislatura.
Isso é particularmente evidente quando se considera a amplitude de medidas aprovadas em orçamentos anteriores como as dos aumentos de pensões, da gratuitidade dos manuais escolares, da redução do IRS, da eliminação do Pagamento Especial por Conta, na valorização do abono de família, da redução dos custos dos transportes, da redução das propinas, na tributação sobre os grandes lucros e património ou mesmo com o descongelamento das progressões na Administração Pública e a reposição de importantes direitos eliminados pelo governo PSD/CDS, designadamente das 35 horas de trabalho semanal.
08 Quarta-feira Jan 2020
Posted Álvaro Couto
inLiberdade, Liberdade!
A Liberdade pela boca se diz.
A Liberdade pela cor da pele se faz.
A Liberdade vem da raiz,
como à terra seca a água traz:
magnólias e matagais;
sangue e farinha;
ácidos em harmonia;
canções e nomes gentis;
galope de cavalos viris;
democracia, pão, saúde, habitação;
pedra , mar, poeira, raio, tufão;
pólos frios e vulcões quentes;
todo o mundo e toda a gente.
07 Terça-feira Jan 2020
Posted Arouca, Poder Local, Política
inPara quando o inicio da intervenção municipal de remoção de barreias físicas e arquitectónicas, visando assegurar a acessibilidade na via, edifícios públicos e nos transportes? – Janeiro de 2020
05 Domingo Jan 2020
Posted Internacional, Política
inO PCP condena os ataques militares no Iraque e o assassinato de um dos mais altos responsáveis militares do Irão perpetrados pelos EUA, o que constitui um inequívoco acto de guerra cujos desenvolvimentos podem ter consequências profundamente negativas para os povos do Médio Oriente e repercussões em todo o mundo.
Este ataque militar representa um gravíssimo passo na escalada de tensão, provocação e agressão protagonizada pelos EUA e Israel no Médio Oriente – em que se integra a violação pelos EUA do «Acordo Nuclear sobre o Irão» e a ofensiva contra este país –, visando impor a hegemonia do imperialismo norte-americano em toda a região.
Saliente-se que o assassinato de Qassem Soleimani, general iraniano, em território iraquiano foi considerado pelas autoridades deste país como uma «violação grosseira da soberania» e uma «agressão» ao Iraque, país invadido e ocupado pelos EUA, na sequência duma campanha de mentiras e guerra.
Após três décadas de agressões imperialistas que semearam a morte e a destruição no Médio Oriente, a política belicista e agressiva dos EUA ameaça conduzir o planeta a uma nova guerra de grandes proporções.
03 Sexta-feira Jan 2020
Entende o Presidente da República que o excedente previsto no Orçamento do Estado para 2020 «não é uma mania» nem «um fetiche», que é uma opção. «Sem a estabilização financeira – assinalou – nada é possível, passa-se a vida para resolver o problema financeiro».
Para Marcelo Rebelo de Sousa esta situação marca «uma inversão de tendência, que permite depois ser muito mais fácil ir pagando a dívida pública elevada acumulada, porque é um fenómeno inverso daquele que existia quando a dívida era negativa, e ia subindo».
O PCP manifestou a sua preocupação face à proposta de OE que, por opção do Governo, assume como elemento central o objectivo fixado de «alcançar um excedente orçamental, sacrificando em nome do défice das contas públicas e dos interesses do grande capital, as medidas necessárias à valorização dos trabalhadores e dos seus salários, ao aumento das pensões e reformas, à valorização dos serviços públicos, à valorização dos direitos das crianças, ao aumento do investimento público, à promoção de uma justa política fiscal, à dinamização do aparelho produtivo e do equilíbrio territorial, à promoção da cultura, à defesa do meio ambiente».
01 Quarta-feira Jan 2020
Neste tempo que estamos a viver, complexo, difuso, assimétrico, deixo algumas reflexões que me parecem ser uma «emergência» pedagógica já agora que tanto alarido se faz acerca da emergência climática, como se isso fosse o principal problema com o qual estamos confrontados.
Sendo um dado adquirido que a maioria das pessoas dos países industrializados estão desligadas da Terra mas dependentes do sustento que de lá provém, é do Planeta Alimentar que devemos falar e com urgência. Mas aí duvido que isso fosse motivo para cobertura mediática e isto porque o capitalismo predador seria o principal acusado, enquanto que o tema das «alterações climáticas» pode ser utilizado a seu favor e, quem sabe, com grandes negócios pelo meio!… Não deixa de ser curioso que variações no clima do Planeta, com picos de temperatura por vezes prolongados e fenómenos extremos (que sempre existiram!), passassem agora a ser tema da actualidade para servir de biombo às graves consequências geradas pela globalização capitalista.
Um caso concreto para reflectir
Durante a recente campanha para as eleições legislativas apareceu na minha caixa do correio um panfleto de uma formação política dita de esquerda que elegeu como preocupação a emergência climática e aproveitou para dizer que a principal causa dos incêndios em Portugal são as alterações climáticas. Mas não, não são. A principal causa dos incêndios em Portugal está nas políticas agrícolas decididas em Bruxelas com o amém de Lisboa, inviabilizando economicamente a presença de agricultores no território, deixando como alternativa a monocultura do eucalipto, ou a emigração. Assim sendo, as afirmações descritas no referido panfleto ou são fruto da ignorância, ou escamoteiam as causas, absolvendo os causadores. Sempre tivemos verão quente, vento suão, ar seco, sempre tivemos incêndios, mas sem tragédia porque existiam agricultores e agricultura à volta dos perímetros florestais, não sendo necessários nem bombeiros nem aviões, as populações bastavam.