No fim, foi o povo quem ficou a perder porque o IVA da electricidade não vai descer para 6%. A proposta do PCP acabou chumbada e o PSD absteve-se depois de ter dito que votaria a favor.
A “crise” do IVA da electricidade repete de forma quase mimética a “crise” da contagem do tempo de serviço dos professores na encenação montada pelo PSD. A grande diferença foi o facto de o BE desta vez ter decidido sustentar e credibilizar essa encenação, assumindo o papel de avalista do PSD.
Tal como na “crise” do tempo de serviço, o PSD nunca teve intenção de fazer descer o IVA da electricidade. Queria apenas livrar-se do estigma que se lhe agarra à pele desde que o Governo PSD/CDS impôs a subida para os 23%.
Por isso, o PSD começou o debate com a corda já enrolada e na base da chantagem: ou eram aprovadas as suas contrapartidas de receita ou não havia redução do IVA. E as contrapartidas eram fixadas em condições que os outros partidos não aceitassem para que a responsabilidade do desaire da votação viesse a recair sobre eles e não sobre o PSD.
O PSD acabou por retirar a sua proposta de redução do IVA precisamente no momento em que poderia ser aprovada. E ainda por cima acabou por se abster na proposta do PCP depois de ter garantido que a votaria a favor.
Tudo na actuação do PSD, desde o início, era encenação e o BE sabia-o perfeitamente.