Constituindo organizações que disputam o poder, os partidos políticos defendem interesses diferenciados e, em certos casos, mesmo antagónicos.
A ideologia que preconizam, os objectivos que assumem e a sua composição social determinam a sua natureza de classe, os interesses que defendem, a quem se subordinam e por que tipo de organização social agem.
Se é verdade que a burguesia em determinados momentos apresenta conflitos entre si, e que os interesses da grande burguesia em última instância acabam sempre por esmagar a pequena burguesia (o que em certas circunstâncias a fazem convergir com a classe operária e o conjunto dos trabalhadores), não é menos verdade que, e independentemente desses momentâneos conflitos, a grande burguesia aposta tudo na manutenção de um sistema que lhe permite manter o seu domínio social, politico, ideológico e acima de tudo económico, alimentando a esperança à pequena burguesia de um dia lá também poder chegar, ao mesmo tempo que explora a imensa maioria que nada mais detém senão a sua força de trabalho.
Partidos que se apresentam, definem ou se auto-denominam de interclassitas que organizações que, podendo defender este ou aquele interesse particular desta ou daquela camada específica, mais não são do que instrumentos de manutenção de um sistema nas mãos da burguesia e que assenta na exploração pela minoria da maioria daqueles que compõem a sociedade.
Ou seja, instrumentos da burguesia que disputam os interesses diferenciados da burguesia mas cujo objectivo, independentemente da forma que em cada momento possa apresentar este ou aquele projecto politico, é exactamente o mesmo.