Dois economistas norte-americanos, ambos Prémio Nobel da Economia e nenhum aparentado, sequer vagamente, à visão marxista-leninista dos processos económicos mundiais (Paul Krugman foi membro da administração Reagan e Joseph Stiglitz serviu a administração Clinton), pronunciaram-se recente e energicamente sobre o «desvario do défice» que acometeu a Zona Euro.
Krugman denuncia o «masoquismo» da Europa com a sua «mania» de impor planos de austeridade, recordando que «a austeridade pode parecer bem a um país porque reduz a sua dívida, mas não tem em conta o custo que impõe aos vizinhos com as políticas restritivas».
Mas impõe também custos próprios, como sublinha Krugman: «Os aumentos de impostos e os cortes na despesa pública deprimirão ainda mais as economias, agravando o desemprego», além de que «cortar a despesa numa economia muito deprimida é muito auto-derrotista, até em termos puramente orçamentais», uma vez que «qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das receitas, à medida que a economia diminui». Por isso o Nobel da Economia (2008) é categórico: «Há que criar empregos, agora, e reduzir défices, depois».
Quanto a Joseph Stiglitz (Nobel em 2001), classifica as medidas de austeridade adoptadas por alguns países europeus como «excessivas» e «desastrosas», vaticinando que irão provocar um forte abrandamento económico. E especifica: «As economias europeias vão ser afectadas pelos cortes públicos, que visam reduzir os défices orçamentais e pela subida das taxas de juro». Continuar a ler →