Etiquetas
Num acossamento, a direita reunida no PSD e no CDS barafusta do canto onde se acantonou e denuncia-se, enquanto fala, como descontrolada perdedora.
Visivelmente abalada nos fundamentos do seu poder – o rotativismo do «arco da governação», que os perpetuava no comando do País –, as hostes da direita começaram por classificar as negociações parlamentares à esquerda como «golpe de Estado» (raciocínio supletivo de Manuela Ferreira Leite, a expor o estado de choque da ranchada), a que se seguiu um mês inteiro de despautérios de igual extração («golpada», «manobra ignóbil», «atentado», «ilegitimidade» e etc.).
Seguiu-se o desconchavo no início da legislatura na Assembleia da República, onde PSD e CDS chegaram a chamar a António Costa «primeiro-ministro não-eleito» ou «primeiro-ministro, vírgula, não eleito», estultícia que, a ser lavada a sério, conduziria os seus autores a, de imediato, se demitirem da Assembleia da República, órgão de que ignoram ou desprezam, ao nível mais elementar, o funcionamento, competências e atribuições constitucionais, nomeadamente a de que a Assembleia da República é que determina a viabilidade ou não do governo através da apreciação do respectivo programa, que caso seja rejeitado implica a queda do governo.