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austeridade, BCE, capital, financeirização da economia, PEC, taxas de juto, trabalho, Ue, zona euro
Retornámos a um período de crise sistémica. Um período de agudização da luta de classes e de aprofundamento das contradições do capitalismo, em particular da contradição fundamental entre o grau de socialização da produção tingido e apropriação privada das condições de produção.
O actual episódio de crise, que se arrasta há mais de cinco anos, é em si mesmo revelador desta crise sistémica, decorrente da sobre-acumulação de capital sobre todas as formas e da sobreprodução de importantes segmentos industriais do sistema capitalista mundial.
O capitalismo responde com uma ofensiva de classe global, intensificando a exploração do trabalho e destruindo forças produtivas, onde a faceta mais visível é o desemprego crescente, na tentativa de restaurar as condições de rentabilidade e retomar o processo de valorização do capital.
Isto num contexto de estagnação das taxas de acumulação, sobretudo ao nível dos países do centro do sistema capitalista mundial e de progressivo esgotamento das respostas à crise.
Não se vislumbrando uma mudança de paradigma produtivo, tecnológico e energético, que permita encetar um novo ciclo de expansão do capital, ou de quem pode assumir posição hegemónica face ao declínio económico dos Estados Unidos e da restante tríade, a questão que se põe é qual o grau de destruição de capital necessário para garantir as condições de retoma do processo de valorização do capital? Para mais num contexto de delapidação acelerada de recursos naturais para «alimentar» a acumulação capitalista, de sobre-extensão do sistema a nível mundial e de mercantilização de todas as esferas da vida social.
Este cenário potenciador de derivas destrutivas do sistema, de agudização dos conflitos a nível mundial, nomeadamente das rivalidades interimperialistas, com a ameaça do flagelo da guerra e da destruição ambiental, acentuam a necessidade imperiosa para a humanidade de superação do capitalismo e da libertação do homem de todas as formas de exploração.
Este é o contexto da(s) crise(s) que grassa(m) na União Europeia, a crise que a Zona Euro está atravessar, a denominada crise da dívida soberana. Este é o contexto da crise que atravessa países como Portugal, Espanha e Grécia. As crises nacionais não podem ser compreendidas sem ter em conta o contexto mundial já referenciando e o papel que as economias destes países desempenham na divisão internacional do trabalho, no contexto da integração capitalista europeia. É também neste contexto que temos de enquadrar as «políticas de austeridade».