O sofrimento ocasionado pelas acções de Israel nos Territórios Ocupados tem causado séria preocupação pelo menos entre alguns israelitas. Durante muitos anos Gideon Levy, colunista de Haaretz, tem sido um dos mais abertos, escrevendo que “haveria que condenar e castigar Israel por tornar insuportável a vida sob a ocupação, [e] pelo facto de um país que afirma figurar entre as nações mais ilustradas continuar a abusar de um povo inteiro, noite e dia”.
Tem sem dúvida razão, e haveria que acrescentar alguma coisa mais: haveria também que condenar e castigar os Estados Unidos por proporcionar apoio militar, económico, diplomático e ideológico decisivo a estes crimes. Na medida em que o continue a fazer, há poucas razões para esperar que Israel suavize as suas brutais medidas políticas.
Um distinto especialista académico israelita, Zeev Sternhell, escreve, analisando a maré nacionalista reaccionária do seu país, que “a ocupação continuará, será confiscada a terra aos seus proprietários para ampliar os colonatos, o Vale do Jordão será limpo de árabes, a Jerusalém árabe ficará estrangulada pelos bairros judeus, e qualquer acto de roubo e insensatez que seja útil para a expansão judia na cidade será bem recebido pelo Tribunal Supremo de Justiça. Está aberto el caminho para uma África do Sul e não será detido até que o mundo ocidental coloque Israel perante uma escolha inequívoca: ou se põe fim à anexação e se desmantelam os colonatos e o estado dos colonos ou se converterá num paria”.
Uma questão crucial reside em saber se os Estados Unidos deixarão de minar o consenso internacional, que é a favor de um acordo de dois estados seguindo a fronteira internacionalmente reconhecida (a Linha Verde, estabelecida nos acordos de cessar-fogo de 1949), dando garantias à “soberania, integridade territorial e independência política de todos os estados da zona e ao seu direito a viver em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”. Assim está redigida a resolução submetida al Conselho de Segurança das Nações Unidas em Janeiro de 1976 pelo Egipto, Síria e Jordânia, apoiada pelos estados árabes…e vetada pelos EUA.
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