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Miguel Viegas – Deputado do PCP no Parlamento Europeu
Como se de uma fatalidade se tratasse, estamos neste período estival mais uma vez confrontados com o drama dos incêndios que mobilizam milhares de bombeiros de norte a sul do país e preenchem grande parte da atualidade mediática. A comunicação social, com a ligeireza que se conhece, foca-se sobretudo no combate ao fogo. Numa ou noutra peça, dá algum relevo à desertificação de amplas parcelas do nosso território, mas sem apontar para as causas profundas das assimetrias regionais que estão na base dos incêndios que, ainda na semana passada, consumiram quase 30 mil hectares de floresta e mato na serra de Monchique.
A desertificação do mundo rural não foi obra do acaso. Ela resulta fundamentalmente da anemia económica que afeta de forma crónica a maior parte do nosso território e que leva as pessoas, e sobretudo os mais jovens a sair das suas terras à procura de emprego para seu sustento. Sabemos que existem tendências da economia que levam a concentração das actividades produtivas em parcelas reduzidas do território. Esta concentração tem custos sociais e ambientais elevadíssimos que exigem políticas públicas geradoras de maior coesão social e territorial. Décadas de políticas de direita levadas a cabo por PS, PSD e CDS e dirigidas por Bruxelas não só travaram este tipo de políticas públicas como aceleraram ainda mais a atrofia do mundo rural, promovendo um êxodo rural em massa.