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2017 - Centenário da Revolução de Outubro, Aleksandr Mikhailovich Rodchenko, Dimitriy Dimitriyevitch Shostakovich, Dzinga Vertov, John Reed, Kazimir Severinovich Malevich, Mikhail Aleksandovitch Cholokhov, Revolução de Outubro, Serguei Mikhailovitch Eisenstein., Serguei Sergueievitch Prokofiev, Vladimir Evgrafovic Tatlin, Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, Vsevolod Emilevitch Meyerhold
“Que dia complicado! Houve grandes desordens em Petersburgo porque os operários queriam ser recebidos no Palácio de Inverno. A tropa teve que disparar e houve muitos mortos e feridos. A Mamã veio visitar-nos à hora da missa. Jantámos em família. Passeei com o Miguel. A Mamã vai ficar connosco esta noite.”
Diário do Czar Nicolau II, 22 de Janeiro de 1905
(o Domingo Sangrento, quando a tropa disparou sobre uma manifestação pacífica com um saldo de milhares de mortos e feridos)
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Há cem anos o jornalista norte-americano John Reed acompanhou os dez dias que levaram os bolcheviques ao poder na longínqua Rússia, num ímpar relato jornalístico, sem que as suas convicções (era comunista) o levassem a ceder ao registo panfletário ou o impedissem de anotar o detalhe, o pormenor das contradições e das complexidades do tempo.
De igual modo é muito mais rico o que fica da Revolução de Outubro, da Guerra Civil Russa e da Colectivização da Agricultura no Donbass (a brutalidade do conflito, os crimes dos beligerantes, as dúvidas dos seres humanos, a militância abnegada), nos quatro volumes do “Don tranquilo” e nos dois do “Terras desbravadas”, de Mikhail Cholokhov, curiosamente um protegido do “homem de bigode farto e de feições de uma beleza austera”, do que nos livros, jornais e documentários de historiadores, politólogos, jornalistas e aspirantes a qualquer coisa que por estes dias postularam – Meu Deus! Foi uma desgraça! Felizmente a coisa morreu! Mas cuidado, a ideia e a seita andam por aí… e com as fraquezas da humanidade, nunca se sabe!!!Atónito, depois de ter ficado a saber que foi a Revolução de Outubro que levou Hitler ao poder (quê???), duas perguntas sobraram – teria sido possível, numa terra de mujiques, transformar um país feudal numa superpotência mundial, erradicar o analfabetismo, derrotar dois terços do exército nazi (e ganhar a II Guerra Mundial) e tomar a dianteira nas artes, nas letras e na ciência, com a “democracia liberal” de Kerensky ou com a “ditadura militar” de Kornilov (mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma)? E já agora, teria havido direitos laborais e Estado-social nos países capitalistas sem União Soviética?