“Antão era pastor, / de manta e carapuça; / o açoite do monarca, / ao colectar a comarca, fê-lo da Lusa-Atenas doutor, / doutor de borlas e Murça. / À viúva alugou a mula ruça!” Livro de Marianinha – Aquilino Ribeiro
A propósito de uma licenciatura, ao que consta, de “aviário”, dois ministros estiveram, por estes dias, no centro das atenções. No que saiu não adianta bater mais. Sobre o outro, investido (outra vez) de cavaleiro do rigor, algumas notas acerca da sua mais recente “descoberta”, o Ensino Dual, modelo de ensino profissional alemão (austríaco e luxemburguês), um sistema de estágios profissionais para alunos a partir dos 16 anos.
Segundo o Bundesinstitut für Berufsbildung (onde o ministro assinou um protocolo de cooperação) os 1.571.457 estágios (dados de 2007) custaram 30.900 milhões de euros. Este número de estagiários é próximo do total de crianças e alunos matriculados, em Portugal, na educação pré-escolar e no ensino básico e secundário público, cujo orçamento não chega aos seis mil milhões de euros, um quinto do custo daquele sub-sistema alemão. Os 30.900 milhões de euros tiveram a seguinte proveniência: 23.800 milhões (77%) das empresas (câmaras de artífices, industria e comércio) e os restantes 23% de dinheiros públicos, 3.900 milhões do Estado Federal e 3.200 milhões dos Länder. Está-se mesmo a ver, cá na Lusitânia, a CIP, a CCP e a CAP assumirem 77% dos custos do ensino profissional.