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A esperança tem sido a nossa namorada nos péssimos momentos que vamos vivendo, e essa esperança, constantemente atacada e constantemente renovada, é a flor de lótus que acompanha o drama da nossa existência.
Ao servir-se do verbo “indicar”, em vez do “indigitar”, António Costa para primeiro-ministro, como recomenda a Constituição, o dr. Cavaco comete uma pequena perfídia de linguagem, acentua ainda mais a crispação na sociedade portuguesa, e trata-nos como tolos.
Mesmo quase a ser enxotado das funções que deslustrou, o sujeito não deixa de ser um vingativo medíocre, que o marca como o pior Presidente da República dos últimos 40 anos. A boçal tentativa de nos apagar a esperança renascida não cola. A esperança tem sido a nossa namorada nos péssimos momentos que vamos vivendo, e essa esperança, constantemente atacada e constantemente renovada, é a flor de lótus que acompanha o drama da nossa existência. Não somos um povo feliz. A influência da Igreja foi-nos nefasta e a presença da Inquisição, durante três longos e miseráveis séculos, aumentou os nossos medos e as nossas superstições. Depois, os cinquenta anos de fascismo repressivo padreco, venenoso, acabaram por dar nisto. Poucas vezes, duas ou três, tivemos um Governo à altura das nossas esperanças. Depois do 25 de Abril, como que reaprendemos a respirar. A festa durou pouco. O cavaquismo reagrupou os ressentidos e não estimulou, por notória incompetência e fria maldade, a razão crítica e criativa. Como primeiro-ministro, o algarvio foi um esbanjador; como Presidente da República, uma nódoa inapagável. Vão passar anos antes de regressarmos às alegrias da esperança e ao coração a transbordar de projectos. Continuar a ler