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CDU Arouca

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Tag Archives: capitalismo

O mundo enfrenta uma onda gigantesca de incumprimentos – Ambrose Evans-Pritchard

22 Sexta-feira Jan 2016

Posted by cduarouca in Economia, Política, Sociedade

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avalanche, capitalismo, crianças

–   A situação é pior do que em 2007, afirma responsável da OCDE
– A tarefa com que se deparam as autoridades globais é como administrar cancelamentos de dívida sem desencadear uma tempestade política

O sistema financeiro global tornou-se perigosamente instável e enfrenta uma avalanche de bancarrotas que porão em causa a estabilidade social e política, advertiu um importante teórico monetário.

“A situação está pior do que em 2007. Nossa munição macroeconómica para combater declínios (dowturns) no essencial já foi toda gasta”, afirmou William White, o presidente do comité de revisão da OCDE e antigo economista chefe do Bank for International Settlements (BIS).

“Dívidas continuaram a acumular-se ao longo dos últimos oito anos e elas atingiram tais níveis por toda a parte do mundo que se tornaram uma poderosa causa de prejuízos”, disse ele.

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A ver se fogem – Henrique Custódio

30 Domingo Ago 2015

Posted by cduarouca in Capitalismo para Tótós, Economia, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, CDS, Portas e Passos, PSD

Ao afirmar a semana passada que «são as empresas que criam empregos; não são os partidos, não são os governos e não são os cartazes», Paulo Portas evidenciou que ignora a generalidade da teoria económica e tem, da organização económica de um Estado capitalista, um conceito vagamente aparentado à «Teoria da Mão Invisível» retirada de Adam Smith, autor que talvez conheça de ouvido. Ao proferir a alarvidade de que «não são governos que criam emprego», ao menos podia lembrar-se dos EUA pós-Crash-1929, onde Roosevelt se viu compelido a lançar o seu famoso New Deal «para salvar o capitalismo» (palavras suas), interferindo em directo na economia onde, nomeadamente, agiu sobre os bancos, pôs em andamentoobras públicas em grande escala para evitar a rebelião revolucionária do operariado e promover milhões de empregos que as tais «empresas» haviam destruído com os jogos de Bolsa que, por sua vez, desembocaram no «crash» de 1929. Isto apesar de, em 1937, Roosevelt se ver de novo a braços com a crise, de que «foi salvo» pela II Guerra Mundial, prestes a começar.

E é sempre assim, no capitalismo: quando rebentam crises «próprias do sistema» (como Marx analisou tão certeiramente, e não há economista que o desminta), é ao Estado a que os governos de serviço recorrem, pois claro, para tentar resolver os problemas.

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Capitalismo, violência e decadência sistémica – Jorge Beinstein

27 Sexta-feira Jun 2014

Posted by cduarouca in EUA, Europa, Internacional, Líbia, Política, Sociedade, UE

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capitalismo, Imperialismo, Iraque, Líbia, NATO. belicismo, Siria, Ucrânia, Venezuela, violência

Da Líbia à Venezuela, passando pela Síria, México, Ucrânia, Afeganistão ou Iraque, no que já decorreu da década actual presenciámos o desdobramento planetário permanente da violência directa ou indirecta (terciarizada) dos Estados Unidos e dos seus sócios-vassalos da NATO. Toda a periferia foi convertida no seu mega objectivo militar. A onda agressiva não se acalma, em alguns casos combina-se com pressões e negociações mas a experiência indica que o Império não agride para se posicionar melhor em futuras negociações e sim que negoceia, pressiona, com o fim de conseguir melhores condições para a agressão.

Estas intervenções quando têm “êxito”, como na Líbia ou no Iraque, não concluem com a instauração de regimes coloniais “pacificados”, controlados por estruturas estáveis, como ocorria nas velhas conquistas periféricas do Ocidente, e sim com espaços caóticos dilacerados por guerras internas. Trata-se da emergência induzida de sociedades-em-dissolução, da configuração de desastres sociais como forma concreta de submetimento, o que coloca a dúvida acerca de se nos encontramos diante de uma diabólica planificação racional que pretende “governar o caos”, submergir as populações numa espécie de indefensão absoluta convertendo-as em não-sociedades para assim saquear seus recursos naturais e/ou anular inimigos ou competidores… ou, ao contrário, trata-se de um resultado não necessariamente buscado pelos agressores, expressão do seu fracasso como amos coloniais, da sua alta capacidade destrutiva associada à sua incapacidade para instaurar uma ordem colonial (“incapacidade” decorrente da sua decadência económica, cultural, institucional, militar). Provavelmente encontramo-nos diante da combinação de ambas as situações.

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O populismo: antecâmara do fascismo (2) – Daniel Vaz de Carvalho

22 Domingo Jun 2014

Posted by cduarouca in Nacional, PCP, Sociedade

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capitalismo, fascismo, populismo

4 – O POPULISMO “ERUDITO”

O populismo é uma máscara. Eis algumas: a do justicialista, a do moralista, a do “erudito”. A ciência económica do populismo “erudito”, resume-se a que salários e pensões têm de descer, direitos laborais serem suprimidos – a “flexibilização” – para os lucros subirem e se tornarem “atrativos para o capital”. Além disto são incapazes de acertar ou cumprir as suas próprias previsões.

Escutados sem contraditório e mesmo com veneração, a comunicação social controlada exibe uma legião de propagandistas alinhados com o fundamentalismo neoliberal, cuja erudição se manifesta prioritariamente em manipular dados económicos.

No seu catecismo está inscrito como dogma que tudo que é público é mau, ineficiente. O que dá lucro deverá ser privatizado, quanto aos sectores socialmente apoiados, terão rentabilidade garantida à custa do OE e dos preços aos utentes. É esta a sua versão de eficiência: monopólios, oligopólios, capitalismo rentista a coberto da concorrência “livre e não falseada”.

Entregar as funções económicas do Estado a interesses privados, liquidar as funções sociais, são objetivos prosseguidos pelo governo anti Constituição PSD/CDS, insistentemente veiculados como “mudança de paradigma“, “reformas” e “ímpeto reformista”.

Do alto da sua arrogância o populismo “erudito” manipula dados. Para “provar” a insustentabilidade do sistema de pensões inclui neste grupo apoios sociais que não fazem parte do sistema contributivo. São as prestações sociais para minorar a miséria provocada pelo sistema capitalista a centenas de milhares de pessoas. Apesar disto afirmam: “as pensões e salários pagos pelo Estado ultrapassam os 70% da despesa pública, logo é aí que se tem que cortar”.

Estes “sábios” mentem, ao omitir que naquele valor está incluída receita de impostos e contribuições [1] . Não deixa de espantar o afã com que defendem como “sem alternativa”, medidas que fomentam o desemprego, o empobrecimento, a exclusão do sistema produtivo, pelo desemprego e pela emigração, de centenas de milhares de trabalhadores.

As despesas do Estado, desde que orientadas por adequado plano económico, como a Constituição prescreve, representam consumo e investimento, mas estes objetivos são relegados perante o desiderato de “honrar os nossos compromissos, custe o que custar”, para com a agiotagem financeira, revestida com a dignidade do deus “mercados”. Perante isto, as funções sociais do Estado e direitos laborais, fundamentos da própria cidadania, são considerados “privilégios” e apresentados como vícios de subsídio dependência do povo português – tese racista, cara ao populismo “erudito”.

Concentrando atenções nas pequenas regalias dos menos favorecidos, incutem-se sentimentos sociais negativos para escamotear, as rendas e lucros monopolistas, os SWAP, as PPP e concessões, em que os interesses do Estado e dos contribuintes são defraudados. Tal como são ignoradas as abismais remunerações dos corpos executivos das empresas privatizadas e dos oligopólios, a corrupção, a livre circulação de capitais, as regras da UE totalmente inadequadas ao nosso desenvolvimento económico e social. Os escandalosos benefícios fiscais aos grandes grupos económicos são verdadeiras evasões fiscais legalizadas. [2]

O rigor orçamental alicerçado na ditadura burocrática da UE é a roupagem para um crescimento baseado em altos lucros e baixos salários, afinal características estratégicas do fascismo salazarista. Revestindo os paramentos de uma falsa ciência económica construída na base de axiomas que a evidência demonstra errados, [3] os populistas “eruditos” assumem a missão de convencer cidadãos impreparados, levados pelo medo dos “mercados”, de que “não há alternativas” e devem submeter-se à “superior capacidade intelectual” dos “eruditos” e às políticas de saque do neoliberalismo…

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O grande patrão capitalista – Jorge Messias

29 Quarta-feira Maio 2013

Posted by cduarouca in Agricultura, Ambiente, Economia, Sociedade

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capitalismo, Vaticano

«A crise do Vaticano faz parte da crise do sistema capitalista… O Vaticano está muito longe do Céu e muito perto dos pecados terrenos, sobretudo dos que são cometidos pelos sectores mais reaccionários da direita mundial… Com a ascensão do neoliberalismo, nos anos 80, a ultradireita do Opus Dei cresceu apoiando as ditaduras mais tenebrosas… Francisco Bergoglio irá tentar uma “saída pela esquerda”, mas isso não será solução!» (Vatileaks, Net, 22.3.013). 

«As crises alimentares são propícias a que aqueles agentes que possuem capacidade de produzir e distribuir comida possam consolidar e fazer alastrar a sua área de influência.Podemos verificar esta mesma tendência em Portugal, desde o começo da crise económica de 2008. Neste contexto, identificamos uma trindade de agentes que beneficiam com a fome: primeiro, o próprio Estado e a União Europeia; segundo, a Igreja Católica e as suas ordens religiosas; finalmente, os grandes vendedores de produtos alimentares» (João Silva Jordão, “Quem ganha com a fome em Portugal ?”). 

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Onde há Partido – António Santos

11 Sábado Maio 2013

Posted by cduarouca in EUA, PCP, Política, Portugal

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capitalismo, Democracia, liberdade

Às vezes, só pela ausência compreendemos o verdadeiro valor do que temos. É quando falta a luz que nos lembramos de que sem electricidade voltaríamos à idade das trevas; é quando o homem do quiosque adoece que descobrimos o quanto precisamos dele; e é quando um velho amigo morre que nos arrependemos dos dias que não passámos juntos. E reza o lugar-comum dos lugares-comuns que alguns só dão valor à saúde quando a perdem.

Pois eu cá, que vivo nos EUA há mais de três anos, tive incontáveis oportunidades de descobrir em todos os lugares a dolorosa ausência das coisas portuguesas que não se vêem ao perto: os autocarros, que aqui são privilégio das grandes metrópoles; a luz do sol, que nesta região do globo só se faz sentir durante quatro meses; a tradição de ver o telejornal à hora do almoço; o café; ir a pé às compras; e até o pão.
Claro está que também tenho as saudades que todos os emigrantes têm: dos meus amigos a braços com a sobrevivência; do meu sobrinho bebé que não posso ver crescer ou do meu pai já velho (um antigo preso político que hoje continua a lutar com a mesma coragem com que lutou toda a vida). Mas deste mar de saudades, triviais e importantes, previsíveis ou espantosas, a que mais me surpreende e profundamente me assombra é a falta do Partido Comunista.

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A tragédia da Grécia – C. J. Polychroniou

05 Sexta-feira Abr 2013

Posted by cduarouca in Economia, Europa, Grécia, Política, UE

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Alemanha, capitalismo, Christine Lagarde, FMI, Lehman Brothers, neoliberalismo, Ue

Uma acusação à teoria económica neoliberal, à elite política interna e ao duo UE/FMI

Não há nenhuma outra disciplina nas ciências sociais que repouse tão pesadamente sobre dados estatísticos e fórmulas matemáticas e ainda assim seja tão lamentavelmente incompetente em analisar e prever os acontecimentos e processos que estuda do que a própria “lúgubre ciência” (“dismal science”). A crise financeira global de 2007-08 é um grande exemplo. Virtualmente todos os economistas profissionais da corrente dominante foram apanhados com as calças arriadas quando o Lehman Brothers entrou em colapso, disparando uma crise financeira à escala mundial. A razão para isto é que a maior parte dos economistas convenceu-se, com base nos fantásticos modelos de engenharia financeira desenvolvidos nos últimos 20-30 anos, que o capitalismo havia evoluído para um sistema sócio-económico estável e livre de crises. Agora que o dinheiro podia ser criado a partir do ar (chamam a isto o “esquema dos derivativos”), grandes e poderosas instituições financeiras podiam acumular riqueza sem gerar nova riqueza e predadores financeiros podiam pilhá-la à vontade. 

Na verdade, aos olhos dos profetas da nova era económica, a redescoberta do deus perdido do homem (i.e., mercados livres) significando simetria e perfeição (i.e., estabilidade permanente e acumulação sem fim) abriu um caminho para a realização de uma ordem económica livre da fragilidade contratual e da destruição do ciclo de negócios associado ao perturbado capitalismo do passado. Modelos de equilíbrio geral com dinâmica estocástica (uma abordagem académica cujas “bases científicas” são no mínimo dúbias) e outros modelos deterministas construídos em torno da noção de mercados racionais e eficientes (ex., a hipótese das expectativas racionais), todos eles carregados com suposições normativas ahistóricas e asociais, não deixavam espaço para questionar os mecanismos de engenharia financeira e o admirável novo mundo prometido pelos sumos sacerdotes do capitalismo de livre mercado (Polychroniou 2008). A seguir, os economistas e sábios da corrente dominante (mainstream) nunca viram a aproximação do mais recente desastre financeiro, muito embora a vingança da economia real sobre a economia de papel seja um cenário que se tenha verificado incontáveis vezes na história do capitalismo moderno. Este é o preço pago por substituir economia política por teoria económica matemática e análises econométricas estreitas, ignorando a história e a teoria social, e por zombar da percepção filosófica da natureza humana. 

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O Chipre só tem uma solução! – Ângelo Alves

29 Sexta-feira Mar 2013

Posted by cduarouca in EUA, Euro, Europa, Internacional, Política, Sociedade, Trabalhadores, UE

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BCE, capitalismo, chipre, Dragui

O desenrolar dos acontecimentos no Chipre, sujeito a um autêntico assalto comandado pela Alemanha por via do Eurogrupo, levanta um sem número de questões. Tentaremos por isso centrarmo-nos apenas em alguns aspectos chave da situação.

Uma primeira nota vai para o carácter sistémico dos acontecimentos. Não estamos apenas perante um roubo descarado ao Chipre, criminoso de todos os pontos de vista, incluindo o político e de relacionamento entre estados. Nem apenas perante um acto de chantagem descarada sobre todo um povo como o demonstrou o ultimato do BCE ameaçando com uma autêntica bomba atómica financeira.

Estamos também perante um novo patamar de desenvolvimento da crise do capitalismo na União Europeia. Um patamar em que o processo de extorsão de recursos para a esfera financeira e de centralização e concentração de capital atinge um nível superior e é decidido à margem de qualquer controlo político, é esse o «modelo» de que vem agora falar a Comissão Europeia. É a total submissão do poder político ao poder económico, como o comprova o facto de o roubo às poupanças dos cipriotas e aos activos de centenas de pequenas e médias empresas ter sido decidido em Berlim, acordado em Bruxelas e imposto ao Chipre sem passar sequer pelo seu Parlamento.

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Chipre e a crise capitalista – Albano Nunes

22 Sexta-feira Mar 2013

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capitalismo, chipre, crise, FMI, Ue

Ao mesmo tempo que os portugueses eram confrontados com novas notícias sobre o dramático agravamento da situação económica e social do país, o Chipre, uma vez quebrada a resistência às receitas do FMI e da UE pela vitória da direita nas eleições de 24.02.13, tornava-se no quinto país da União Europeia sujeito aos ruinosos «planos de resgate» impostos pelo grande capital e objecto de um ataque sem precedentes aos depósitos bancários dos cipriotas, provocando uma onda de indignação e de revolta que está a encostar à parede o novo governo reaccionário.

Em Chipre como em Portugal, a pretexto da «ajuda» para impedir a «bancarrota» (da banca), as mesmas exigências de cortes nos salários e rendimentos, de desmantelamento dos serviços públicos, de privatizações, de «reformas estruturais». A mesma linha de intensificação da exploração, liquidação de direitos, centralização e concentração de capital, limitações à soberania. As mesmas consequências de empobrecimento, desemprego, recessão e ainda maior endividamento. Os mesmos mecanismos de sucção de mais valia e de drenagem para o sector privado e monopolista do património público. Tudo isto num quadro cada vez mais assumido de que a austeridade veio para ficar, que não há que contar com o regresso à situação anterior à falência do Lehman Brothers em 2008, que o empobrecimento, o desemprego, os cortes sociais, a desregulação laboral e tudo o mais que tem estado no centro da ofensiva do grande capital é para continuar para lá do famoso «regresso aos mercados».

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A questão da soberania nacional na História do Capitalismo português

27 Quarta-feira Fev 2013

Posted by cduarouca in Política, Portugal, Sociedade, Trabalhadores

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burguesia, capitalismo, Portugal, Soberania

A análise do que tem sido a constituição, desenvolvimento, e aprofundamento do capitalismo em Portugal ao longo da história faz-nos divisar que a questão da soberania nacional (ou falta dela, ou amputação dela) tem um papel de elevada relevância no modo como se estrutura a dominação de classe entre nós.

Por um lado, porque a «burguesia nacional» (autores há que discordam, sequer, do emprego do termo «nacional» para se lhe referir) existiu sempre em Portugal como extensão da dominação externa, constituindo-se em sócia menor dessa relação imperialista e exercendo, em nome dela, um papel de capataz sobre o povo português.

Em face deste princípio, a reivindicação da soberania nacional torna-se uma luta de carácter eminentemente popular, no sentido em que qualquer esforço de libertação das classes dominadas da sociedade portuguesa é por inerência uma ruptura quer com o imperialismo quer com a burguesia nacional de que este é agente.

1 – A burguesia portuguesa e a soberania nacional

O Estado capitalista saído da revolução burguesa que triunfa em 1834 foi durante alguns anos considerado, pela historiografia, objecto de disputa entre a burguesia comercial e a burguesia industrial. Puro engano. A disputa pela rotação da fracção da burguesia no exercício do poder naturalmente existiu, mas gizou-se um consenso entre essas fracções de classes (e entre eles e os latifundistas) com vista à aplicação de um modelo de capitalismo que, suplantando a escassez dos capitais acumulados pela burguesia portuguesa, os ia buscar através do endividamento público. A dívida pública, em sentido marxista, é uma forma de o Estado municiar os capitalistas (dos quais o Estado é pertença) com capitais «sem os riscos inerentes ao investimento industrial ou até à usura privada» (Marx), repassando todos os custos com o pagamento dessa dívida para as classes dominadas da sociedade, constituindo-se por isso e de pleno direito em instrumento de exploração do homem pelo homem. Simultaneamente, e como é notório, o credor do Estado endividado – ou o Estado de que esse credor for «proprietário» enquanto membro de uma classe dominante – assumirá sobre esse Estado um ascendente progressivamente maior, na medida em que cresçam as obrigações do devedor para com ele. A tal ponto pode essa subalternização do devedor ao credor chegar que, dizia o presidente norte-americano John Adams, «há duas formas de dominar um país: a guerra e a dívida».

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Promoção da “Banha da Cobra” Neoliberal – Vaz de Carvalho

21 Segunda-feira Jan 2013

Posted by cduarouca in Economia, PCP, Política, Portugal, Sociedade

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capitalismo, comentadores televisivos, Desemprego, neofascismo, neoliberalismo, pobreza, Soberania

No meio de uma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar, em cima de um jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés nem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento

Guerra Junqueiro, do soneto “Parasitas”

1 – O “VIRUS CAPITALISTA”
As televisões esmeram-se na promoção de uma mistela ideológica, o neoliberalismo. É o “vírus capitalista” (1) em ação, destruindo a economia e o social, liquidando a soberania dos povos e os avanços civilizacionais, com um único propósito: o enriquecimento sem limites de uma camada oligárquica. Pobreza, desemprego, estagnação ou recessão, são os sintomas mais evidentes. O antídoto a ser aplicado com urgência é a unidade e a luta popular. Melhor seria a prevenção. Infelizmente a rendição ao neoliberalismo dos partidos denominados de socialistas levou a que as defesas do organismo social se debilitassem.
O objetivo generalizado dos comentadores nas televisões é fazer a propaganda do conformismo perante falsas inevitabilidades, tornar opacos os verdadeiros problemas das pessoas e respetivas soluções, alardear as opções que agradam à oligarquia. Num recente programa “Prós e Contras” (07.janeiro – na realidade “Prós e Prós”) isto foi mais uma vez evidenciado. Pretendia tratar de crescimento, mas as soluções apresentadas não passaram de repetição das fórmulas que levaram o país ao descalabro, resumindo-se a captar investimento estrangeiro, exportar mais e, claro, mais propaganda.
Exportar mais, é nesta versão baixar salários, eliminar direitos (as reformas estruturais e laborais), políticas indiferentes ao consumo interno. Tem sido esta a política seguida, em 2012 alcançou-se uma taxa de cobertura na balança Comercial de 81% contra 64,4% em 2010. Resultado obtido fundamentalmente pela redução do consumo e do investimento, dos salários reais e direitos laborais – não tiramos contudo o mérito a algumas PME que evoluíram na exportação. Em contra partida aumentou o desemprego, a recessão, a dívida pública. O que não sai pelas importações, sai pelos juros.
O país ficou em piores condições para melhorar o consumo e o investimento produtivo. Nessa altura os défices voltarão a crescer drasticamente.

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O capitalismo num beco sem saída – Uma visão marxista da actual crise – Manuel Raposo

24 Segunda-feira Dez 2012

Posted by cduarouca in Economia, EUA, Euro, Europa, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo

9780895671752O Capitalismo num Beco Sem Saída (*) é o expressivo título de um livro publicado este ano nos EUA que analisa a presente crise do capitalismo mundial de um ponto de vista marxista. Centrado sobretudo na situação dos EUA, o livro mostra o significado da destruição de emprego e da sobreprodução numa era de alta tecnologia e grande produtividade do trabalho. Uma obra que, a partir da actualidade, aborda não apenas os aspectos económicos da crise mas também os movimentos sociais e políticos que ela está a gerar.

O autor, o norte-americano Fred Goldstein, colabora no jornal Workers World e publicou em 2008 uma outra obra, Capitalismo de Baixos Salários (**), em que aponta os efeitos do novo imperialismo globalizado e de alta tecnologia na luta de classes nos EUA.

A exposição de O Capitalismo num Beco Sem Saída, ao qual se dedica esta recensão, assenta em três ou quatro dados decisivos para entender a actual crise, mas muito pouco falados pelas correntes de opinião dominantes. São eles, a nosso ver, os seguintes:

– Esta crise é de longa duração, estamos ainda nos seus primeiros estágios, e, pela sua natureza, não se compara aos normais altos e baixos da actividade económica.

– Na sua raiz está uma quebra na taxa de acumulação do capital, o que faz dos aspectos financeiros uma decorrência e não uma causa dos problemas presentes.

– A crise estalou depois de décadas de grande progresso tecnológico, de aumento da produtividade do trabalho e da concorrência, o que desmente a ideia espalhada de falta de produção e de competitividade, e mostra, pelo contrário, que o sistema rompe pelas costuras em resultado da sua própria capacidade de produzir em larga escala.

– Nos casos em que se pode falar de alguma retoma económica após o colapso de 2008 (como nos EUA), essa retoma faz-se sem recuperação do emprego entretanto destruído em números sem precedentes.

Daí, todo o sistema capitalista se encontrar num beco sem saída. Ou, como diz o autor, “O capitalismo chegou a um ponto em que nada de natureza económica, só por si, poderá fazer o sistema avançar e crescer mais”.

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Miséria gerada pelo sistema capitalista

19 Sexta-feira Out 2012

Posted by cduarouca in Economia, Internacional, Nacional, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, desigualdades, flagelo

Mais de 200 milhões de desempregados e 870 milhões de famintos no mundo ilustram a miséria gerada pelo capitalismo, flagelos que a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as Nações Unidas e outras entidades confirmam ter-se agravado com a eclosão da corrente crise do sistema.

Segundo os dados apresentados pela OIT numa reunião do Fundo Monetário Internacional, realizada sexta-feira, 12, em Tóquio, o número de desempregados aumentou em 30 milhões desde 2007. O flagelo é particularmente sentido entre os jovens com menos de 25 anos, grupo que supera os 75 milhões num total de mais de 200 milhões.

Anualmente, entram no mercado de trabalho cerca de 40 milhões de indivíduos, calcula igualmente a OIT, por isso o director da instituição, Guy Rider, antevê uma degradação do desemprego ao nível global nos próximos anos, isto mesmo admitindo que se mantém a proporção de trabalhadores que pura e simplesmente já desistiram de procurar colocação, estimados, neste momento, em 40 milhões.

Rider alertou ainda para o facto de pelo menos 900 milhões de trabalhadores não ganharem o suficiente para garantirem a respectiva sobrevivência, isto é, mesmo tendo emprego são incapazes de se manter à tona do limiar da pobreza.

O responsável da OIT também aproveitou a ocasião para criticar as chamadas medidas de austeridade e os cortes nas despesas sociais. Se se tivessem mantido os programas destinados a menorizar a pobreza, hoje teríamos menos 55 milhões de pobres, referiu, antes de acrescentar que as orientações impostas a propósito da contenção dos défice públicos desencadearam consequências mais devastadoras do que as inicialmente previstas.

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Para uma melhor compreensão da crise do capitalismo – Manuel Brotas

13 Sábado Out 2012

Posted by cduarouca in Arouca, Economia, Europa, Governo, Internacional, Nacional, Notícias, PCP, Política, Portugal, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, lucro, Socialismo, trabalho, valor

A dinâmica intrínseca da acumulação capitalista conduz a grandes e recorrentes perturbações e interrupções do crescimento.   A crise actual é essencialmente uma crise de sobreacumulação de capital.   A razão mais profunda é a tendência para a baixa da taxa geral de lucro. Marx considerou esta a lei mais importante da economia política.

Simplifico, esquematizo, para ir à essência da questão [1] .

Qualquer sociedade, para sobreviver e desenvolver-se, necessita de garantir a produção de uma certa quantidade de bens e serviços. Essa produção – e mais geralmente o funcionamento do organismo social – exige que as forças de trabalho disponíveis se distribuam mais ou menos em certas proporções, que vão evoluindo, pelos diversos ramos de actividade económica. No socialismo, essa distribuição é, no fundamental, feita conscientemente, decidida de modo planificado, com o objectivo de satisfazer da melhor maneira possível as necessidades e aspirações da população. No capitalismo, a distribuição é, no fundamental, o resultado espontâneo das decisões independentes das empresas, com o objectivo de obter o maior lucro possível para os seus donos. A lei que, no capitalismo, assegura e regula a necessária distribuição do trabalho social (e dos recursos materiais) pelas várias actividades é a lei do valor. 

O trabalhador não é uma bateria, que fornece no máximo tanta energia como aquela com que foi carregada. Em geral, um homem é capaz de trabalhar durante mais tempo do que o tempo que necessita para assegurar a sua sobrevivência. Essa diferença, desde que se tornou historicamente possível, é a origem de todos os sobreprodutos sociais que, quando apropriados privadamente por um grupo humano em detrimento de outros, constituem as sociedades de classe. Em particular, no capitalismo, a diferença entre o valor criado pelo esforço dos trabalhadores e o valor que recebem nos salários de que vivem chama-se mais-valia e é a fonte dos lucros dos capitalistas. A lei que o descreve é a lei da mais-valia. 
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Um ideal neoliberal: o “Homo Economicus” – Vaz de Carvalho

28 Segunda-feira Maio 2012

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Albert Camusº, capitalismo, corrupção moral, direito ao trabalho, egoísmo, Marx, neoliberalismo, social-democracia, Troika

Os filósofos representaram como um Ideal – o “Homem” – indivíduos que não se veem subordinados à divisão do trabalho (…) Deste modo se concebe este processo como um processo de alienação do “Homem” (Marx – A Ideologia Alemã). (1)

1 – Sem consciência do bem e do mal
O mundo perfeito do neoliberalismo – a que a social-democracia se submete, para além da retórica de ocasião – é formado por indivíduos perfeitamente livres, perfeitamente racionais, orientados pelas suas escolhas económicas. Trata-se do designado “homo economicus”. Que visão do mundo é que nos propõem? Seres humanos que se guiam e são guiados apenas por considerações económicas. Neste sistema, o lucro capitalista-financeiro sobrepõe-se a quaisquer outras considerações, os sacrifícios das pessoas não são tidos em conta, o desemprego, não é um acidente: é uma forma de gestão. (2) As “reformas estruturais” – eufemismo para iludir os incautos – postas em prática pelo governo e reclamadas pela “troika” – e apoiantes – são bem a confirmação do que dizemos. Continuar a ler →

A política da linguagem e a linguagem da regressão política – James Petras

19 Sábado Maio 2012

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ajustamento, austeridade, capitalismo, desinformação, Disciplina de mercado, Eficiência, estrutural, eufemismos, Exigências do mercado, jornalismo, Livre empresa, Manipulação, Mercado livre, mercados, publicitários, Recuperação económica, Reforma

O capitalismo e os seus defensores mantêm a dominação através dos “recursos materiais” sob o seu comando, especialmente o aparelho de estado, e suas empresas produtivas, financeiras e comerciais, bem como através da manipulação da consciência popular via ideólogos, jornalistas, académicos e publicitários que fabricam os argumentos e a linguagem para enquadrar as questões do dia. 

Hoje as condições materiais para a vasta maioria dos trabalhadores deterioram-se drasticamente pois a classe capitalista descarrega todo o fardo da crise e da recuperação dos seus lucros sobre as costas das classes assalariadas. Um dos aspectos gritantes deste contínuo rebaixamento de padrões de vida é a ausência até agora de um grande levantamento social. A Grécia e a Espanha, com mais de 50% de desemprego na faixa etária dos 16-24 anos e aproximadamente 25% de desemprego geral, experimentaram uma dúzia de greves gerais e numerosos protestos nacionais com muitos milhões de pessoas; mais não provocou qualquer mudança real de regime ou de políticas. Os despedimentos em massa, os salários penosos, os cortes em pensões e serviços sociais continuam. Em outros países, como a Itália, França e Inglaterra, protestos e descontentamento manifestam-se na arena eleitoral, com governantes afastados e substituídos pela oposição tradicional. Mas no decorrer da agitação social e da profunda erosão sócio-económica das condições económicas e de vida, a ideologia dominante que informa os movimentos, sindicatos e oposição política é reformista: Apelos para defender benefícios sociais existentes, aumentar despesas públicas e investimentos, pela expansão do papel do estado onde a actividade do sector privados deixou de investir ou empregar. Por outras palavras, a esquerda propõe conservar um passado em que o capitalismo estava arreado com o estado previdência.  Continuar a ler →

1º Maio na fila da mercearia

03 Quinta-feira Maio 2012

Posted by cduarouca in Arouca, Álvaro Couto, Nacional, PCP, PEV, Política, Sociedade, Trabalhadores

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1º de Maio, Aveiro, capitalismo, Carlos Alves, Pingo Doce

Há muitos anos, quando era míudo, a mercearia lá do bairro era mais pequena e pacata, o matagal de artigos que a debruavam escondiam-se atrás de um balcão de madeira, para lá dele havia prateleiras para cada lado que só o merceeiro – o senhor Abílio – tinha a humanitária incumbência de subir e descer, por um banco de pau, quando tinha que satisfazer os meus recados levados de casa,

na mercearia do senhor Abílio não havia corredores de prateleiras pelo meio da casa e era costume não deixar dinheiro e as compras serem apenas apontadas no livro, coisa indispensável à sobrevivência mensal de cada família lá do bairro,

mesmo dos que tinham dinheiro e não costumavam deixar calotes

não havia carrinhos ou sacos de plástico (cada um já levava o seu de casa) nem meninas por detrás de caixas electrónicas como há, por exemplo, na mercearia do senhor Jerónimo Martins, onde eu estou agora

nem revistas cor-de rosa, pasquins com programas de televisão e fulanas decotadas no peito e nas pernas pastilhas elásticas espanholas, carne das vacas espanholas leite espanhol produtos espanhóis para dar brilho aos estofos ou humedecer plásticos mata–moscas espanhóis  remédios espanhóis de tirar cheiros ou eliminar ferrugens do corpo bolachas espanholas, pizzas,  hambúrgueres sanduíches com queijo de barra e pão (por que será que, em apenas duas horas, este pão fica duro que nem cornos) embrulhados na hora em plástico transparente e pegadiço,

tudo o desejável, tudo o sonhável pelo comum dos utentes, um mar de felicidade para os insaciáveis consumidores, enfim, referências ideológicas da civilização

não havia nada disto, e as pessoas que, como já não acontece hoje, precisando abastecer minimamente a casa e os estômagos, faziam-no apenas comprando o essencial na mercearia do senhor Abílio, o que contribuiu para que se sentissem muito menos felizes do que agora

bom,

o que eu queria dizer é que, vindo ao Pingo Doce, de Arouca, tratar do meu almoço (um frango espanhol, uma garrafa de vinho e meia-dúzia de pães – os tais duros como cornos se não os comer já), a caminho da manifestação do 1º Maio em Aveiro, estou empacado, há horas, numa fila, que vai desde o talho das vacas espanholas até às meninas das caixas registadoras,

vá-se lá imaginar a lógica disto, o merceeiro Jerónimo resolveu desmoronar os preços dos produtos pelas prateleiras abaixo, 50%, todos partidos em compras acima do valor de 100 euros, e a malta aos gritos amontoou-se com carros e carrinhos cheios de coisas,

compreende-se, mas

o que já não se compreende, nem se pode compreender, é que ele tenha feito esta promoção no 1º Maio – DIA DOS TRABALHADORES,

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Como vai este país… – António Óscar Brandão

28 Sábado Abr 2012

Posted by cduarouca in António Óscar Brandão, Arouca, Educação, Energia, Política, Portugal, Sociedade, Trabalhadores

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Amorim, capitalismo, CDS, EDP, GALP, PSD, Salários, SNS, submarinos, Vitor Bento

Sete executivos da administração da EDP receberam, em 2011, o equivalente a 12.560 salários mínimos. No mesmo ano em que, apesar da crise, esta empresa conseguiu os maiores lucros de sempre. Quando tantos sacrifícios se pedem à maioria dos portugueses, há uns tantos nababos que, como a jiboia, só dormem quando fartos. E que ainda têm o desplante de pregar lições de moral. Isto já não é só um escândalo, é o descalabro. Que, como a traça, mina aquilo que ainda resta da nossa jovem mas já tão esclerosada democracia.

A EDP, embora preste o serviço público de distribuição de energia, desenvolve um negócio privado. Que deveria ser por sua conta e risco. Mas não! O negócio da EDP é alimentado pelas rendas que o Estado, isto é, os contribuintes, pagam. Só este ano, em “compensações”, o Estado transferirá para a EDP 1700 milhões de euros.

É caso para dizer que estamos perante um capitalismo às avessas. O Estado assume o risco e os privados, para além dos lucros, auferem de rendimentos garantidos, ao abrigo de qualquer percalço.

É o exemplo acabado da parasitagem da nossa elite empresarial e da finança, que prospera à custa de negociatas com o Estado.

Enquanto isso, os gestores da GALP agraciaram-se com qualquer coisa como 6,4 milhões de euros. A maior fatia coube a Américo Amorim, não seja ele, como se intitula, o primeiro dos trabalhadores. Outros, mais comedidos, como um tal Vitor Bento, que é simultaneamente conselheiro de estado e comentador político ao serviço do governo, arrecadou somente umas centenas de milhar. Nesta qualidade não se coíbe, sempre que se lhe oferece uma oportunidade de, sapientemente, receitar austeridade aos indígenas. Com tantas alvíssaras, bem podia aconselhar gratuitamente, no conselho e fora dele.

Estas e outras mordomias ajudam a explicar porque sobem, todas as semanas, os combustíveis.

Entre outros sectores, a privatização da EDP e da GALP foi, consciente ou inconscientemente, sufragada pela maioria dos portugueses. Os mesmos que agora se queixam da degradação de serviços e da exorbitância da factura. Como sufragaram também a privatização da água que está na calha. Da qual se lamentarão de seguida.

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O capitalismo e as raízes da desigualdade – Fred Goldstein

05 Quinta-feira Abr 2012

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capitalismo, desigualdades, Occupy Wall Street, OWS

O movimento “Occupy Wall Street” (OWS) fez da desigualdade na sociedade capitalista uma questão que pôs os ricos na defensiva, pelo menos em público. O aumento da desigualdade nos últimos 30 anos e especialmente na última década tem sido comentado ao longo dos anos em vários meios por analistas económicos e mesmo alguns políticos. Contudo, antes do movimento “Occupy Wall Street” levantar o slogan do 1% contra os 99%, esta condição era completamente pacífica e meramente observada como um inevitável facto da vida, mesmo que indesejável (a menos que se pertencesse ao 1%).

As desigualdades que deram ao OWS o seu grito de guerra são verdadeiramente obscenas e reminiscentes do fosso entre os monarcas da velha ordem e os servos camponeses.

Por um lado, 50 milhões de pessoas vivem de senhas de refeição, 47 milhões são oficialmente pobres, metade da população é classificada como pobre [i], 30 milhões são desempregados ou subempregados e dezenas de milhar de trabalhadores vivem com baixos salários.

Por outro lado, de 2001 a 2006, os 1% do topo conseguiram 53 cêntimos de cada dólar de riqueza criada. De 1979 a 2006, o décimo superior dos 1% (0,1%, ou seja 300 mil pessoas) conseguiu mais do que os outros 180 milhões de pessoas [ii]. Em 2009, enquanto os trabalhadores estavam ainda a ser dispensados em grande número, os executivos das 38 empresas mais importantes ganhavam um total de 140 mil milhões de dólares.[iii]

Estes números são apenas um reflexo da vasta desigualdade de rendimentos entre por um lado os banqueiros, os corretores e os exploradores das corporações e a massa de pessoas por outro. Tornou-se um escândalo, mas ninguém mexeu uma palha para fazer nada contra isto. Por isso, o movimento “Occupy Wall Street” começou a luta em nome dos 99% contra os 1%. E pegou como fogo.

Como a força motriz fundamental do movimento é a luta contra a obscena desigualdade de rendimentos, os marxistas devem apoiá-lo e participar totalmente na luta. Mas, o marxismo deve também estudar esta questão e dar-lhe uma interpretação de classe.
Podemos começar por perguntar o seguinte: o que significa lutar contra a obscena desigualdade da riqueza?

Significa certamente lutar por impostos para os ricos, usando o dinheiro para ajudar os trabalhadores e os oprimidos a sobreviverem à dureza económica do capitalismo. Ao fim e ao cabo, ser desempregado torna um trabalhador tão desigual quanto é possível sê-lo no capitalismo.

Igualdade dentro da classe operária e desigualdade entre classes

Normalmente, quando pensamos em lutar pela igualdade económica, pensamos na luta de ação afirmativa pelo emprego dos negros, dos latinos, dos asiáticos e dos povos nativos. A luta pela igualdade compreende lutar por salário igual e condições de trabalho iguais às dos brancos.

Implica também lutar por pagar igual por trabalho igual às mulheres trabalhadoras, isto é, terem o mesmo salário dos homens para trabalho comparável. E a luta pela igualdade inclui a luta pela garantia de igualdade económica entre trabalhadores normais e lésbias, gays, bi- ou transsexuais ou travestis.

Pedir a igualdade entre os trabalhadores imigrantes e sem documentos e os trabalhadores nascidos nos EUA, especialmente brancos, é uma componente essencial na construção da solidariedade e do avanço da luta de classe de todos os trabalhadores.

De facto, a luta pela igualdade económica dentro da nossa classe e entre oprimidos e opressores é fundamental para aumentar a solidariedade contra os senhores. Desigualdade e divisão no interior da classe trabalhadora é tanto um problema económico, como um perigoso problema político. Quebra a solidariedade e dá força aos patrões e ao seu governo.

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Capitalismo para Tótós – II (um dicionário sobre os conceitos mascarados)

17 Sábado Mar 2012

Posted by cduarouca in Capitalismo para Tótós, PCP, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, Socialismo

Colaboradores – termo que designa o conjunto das assalariados de uma empresa, independentemente do regime contratual. No essencial, mascara duas dimensões fundamentais das relações sociais capitalistas: a do trabalho e a da exploração.

O colaborador colabora, não trabalha.
O colaborador colabora, não é explorado.
Além disso, o termo não comporta uma dimensão contratual ou referente a relação estável, antes faz uma remissão subentendida para uma situação volátil. O empregado ou trabalhador estão relacionados com o exercício de uma profissão, de um ofício ou de um conjunto de tarefas que exigem determinada perícia. Já o termo colaborador induz uma concepção amorfa, não especializada e efémera. Colaboras hoje, podes não colaborar amanhã.

Com este termo, o capitalismo alimenta a ideia de que não existe confronto de interesses entre as classes exploradas e exploradoras, num ambiente de colaboração e não de exploração.

in “Império Bárbaro“

A natureza de classe do chamado Estado social – Alexandrino Saldanha

07 Quarta-feira Mar 2012

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burguesia, capitalismo, Estado Social, Lenine, neoliberalismo

Na luta de classes que a atual crise de sobreprodução capitalista (para a procura solvente) tem vindo a agudizar, é cada vez mais invocado, por personalidades e forças de diversos quadrantes da burguesia (e, mesmo, de organizações de trabalhadores), o chamado Estado social, seja como manifestação de nostalgia por um “paraíso perdido” – apresentado como o fim da história da organização estadual em termos de melhores condições de vida e de trabalho –, seja como objetivo de luta apontado à classe operária e aos trabalhadores.

Em paralelo, também é muitas vezes invocado para desmascarar a hipocrisia daqueles que diziam defendê-lo, mas logo o postergaram quando o capital exigiu o aprofundamento da exploração para manter e aumentar a sua concentração e centralização.

Convém, por isso, balizar o que se quer dizer quando se utiliza o conceito de Estado social. Desde logo, a própria denominação potencia a confusão, pois incute a ideia de que existirá um Estado não social, o que é um tanto incongruente – o mesmo se pode dizer relativamente ao conceito de economia social, que ciclicamente é invocado como meio de superar o caráter predador do capitalismo. Continuar a ler →

“Liquidar o monopólio ocidental da tecnologia é também luta revolucionária” – por Domenico Losurdo entrevistado por Tian Shigang

08 Domingo Jan 2012

Posted by cduarouca in Economia, PCP, Política, Sociedade

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capitalismo, China, Socialismo, URSS

Em 2005 foi publicado o seu livro “Fuga dalla storia? La rivoluzione russa e la rivoluzione cinese oggi”[1] . O que o levou a escrevê-lo? 

A primeira edição do livro foi publicada em 1999. Era o momento em que o fim da guerra-fria era interpretado como o fracasso irremediável de toda tentativa de construir uma sociedade socialista, como o triunfo definitivo do capitalismo e inclusive com o “fim da história”. No Ocidente, este modo de ver as coisas fazia mossa na própria esquerda: até os comunistas, ainda que declarassem querer permanecer fieis aos ideais do socialismo, na linha seguinte acrescentavam que não tinham nada a ver com a história da URSS nem com a história da China onde, diziam, se havia verificado a “restauração do capitalismo”. Para me opor a esta “fuga à história” propus-me explicar a história do movimento comunista desde a Rússia da Revolução de Outubro até a China surgida das reformas de Deng Xiaoping.

No se entender, por que motivos se desmembrou a URSS? 

Em 1947, quando enuncia a política da contenção, seu teórico, George F. Kennan, explica que é preciso “aumentar enormemente as tensões (strains) que a política soviética tem de suportar”, a fim de “promover tendências que acabem por quebrar ou abrandar o poder soviético”. Nos nossos dias não é muito diferente a política dos EUA para com a China, ainda que enquanto isso a China haja acumulado uma grande experiência política.

Para além da contenção, o que determinou a derrocada da URSS foram as suas graves debilidades internas. Convém reflectir sobre a célebre tese de Lenine: “Não há revolução sem teoria revolucionária”. O partido bolchevique, sem dúvida, tinha uma teoria para a conquista do poder, mas se por revolução se entender não só a destruição da velha ordem como também a construção da nova, os bolcheviques e o movimento comunista careciam substancialmente de uma teoria revolucionária. Portanto, não se pode considerar que uma teoria da sociedade pós capitalista por construir se reduza à espera messiânica de um mundo no qual hajam desaparecido por completo os Estados, as nações, o mercado, o dinheiro, etc. O PCUS cometeu o grave erro de não fazer nenhum esforço para preencher esta lacuna.  Continuar a ler →

Sempre mais! Maurício Miguel

26 Quarta-feira Out 2011

Posted by cduarouca in EUA, Europa, Internacional, Nacional, PCP

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Bank of America, capitalismo, Citigroup, EUA, FMI, Goldman Sachs, JPMorgan Chase

O momento que vivemos é de enorme complexidade e violência contra os trabalhadores e os povos. Emerso nas suas próprias contradições e limites, o capitalismo age como um elefante numa loja de porcelanas.

Seiscentos biliões (milhões de milhões) de dólares em «derivados financeiros», tal é o valor que causa receios à banca americana e que justifica toda a pressão que os EUA e o FMI estão a fazer para que, no Conselho Europeu de 23 de Outubro, a UE encontre uma solução rápida para a dívida grega e a chamada recapitalização dos bancos. É que 81,13 por cento dos 750 biliões de dólares que constituem a dívida dos EUA provêm dos «derivados financeiros». O risco de um «incumprimento» da Grécia, de Portugal e da Irlanda pode ter efeitos imediatos na banca alemã e francesa e por arrastamento nos maiores bancos americanos e em todo o sistema financeiro mundial. Quatro bancos americanos (JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of América e Goldman Sachs) concentram 95,9 por cento dos «derivados financeiros». Este valor astronómico equivale a dez vezes o total do PIB mundial ou a mais de 40 vezes o PIB dos EUA (Cubadebate/Blog Salmón).

EUA, Alemanha e França revelam desacordos sobre como proceder em relação à ameaça que pende sobre o sector financeiro e sobre toda a economia. A França quer que seja o «fundo de socorro» do euro a proceder à recapitalização dos bancos. A Alemanha, por seu lado, quer que seja «cada país a ocupar-se» dos seus bancos. Os americanos exigem acções rápidas. O denominador comum reside na vontade de exercer pressão crescente sobre países como Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha e Itália, visando a destruição das suas soberanias e o aprofundamento das medidas de agressão aos seus povos. A reestruturação da dívida grega ganha forma. O que até há pouco tempo era impossível, torna-se agora, com o risco de fazer ruir todo o sistema, muito provável. Nem a reestruturação da dívida grega, nem a capitalização dos bancos (deter reservas mínimas de capital) são consensuais entre os banqueiros. O presidente do maior banco alemão Deutsche Bank manifestou-se contra tais medidas, já que isso significaria tocar na «galinha dos ovos de ouro» e nos lucros fabulosos que a desregulação financeira permitiu aos bancos.

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“O capitalismo pode auto destruir-se” – Nouriel Roubini

16 Terça-feira Ago 2011

Posted by cduarouca in PCP, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, Socialismo

WSJ: Assim, você pintou um quadro negro de crescimento económico abaixo do padrão daqui para a frente, com um risco acrescido de uma outra recessão no futuro próximo. Isso soa terrível. O que o governo e os negócios podem fazer para conseguir que a economia avance outra vez? Ou é só sentar e esperar?

Roubini: Os negócios não estão a fazer coisa alguma. Eles não estão realmente a ajudar. Todo este risco torna-os mais nervosos. Há um valor em expectativa. Eles afirmam que estão a fazer cortes porque há excesso de capacidade e não contratam trabalhadores porque não há suficiente procura final, mas há aqui um paradoxo, uma [situação] Catch-22 [NR]. Se não se contrata trabalhadores, não há suficiente rendimento do trabalho, nem suficiente confiança do consumidor, nem suficiente consumo, nem suficiente procura final. Nos últimos dois ou três anos tivemos realmente uma pioria porque tivemos uma redistribuição maciça do rendimento do trabalho para o capital, dos salários para os lucros, a desigualdade do rendimento aumentou e a propensão marginal para gastar de uma família é maior do que a propensão marginal de uma firma porque eles têm uma maior propensão para poupar, quer dizer as firmas em comparação com as famílias. Assim, a redistribuição de rendimento e riqueza torna ainda pior o problema da procura agregada insuficiente.

Karl Marx estava certo. Em algum ponto, o capitalismo pode destruir-se a si próprio. Não se pode manter a transferir rendimento do trabalho para o capital sem ter um excesso de capacidade e uma falta de procura agregada. Foi o que aconteceu. Pensámos que os mercados funcionavam. Eles não estão a funcionar. O indivíduo pode ser racional. A firma, para sobreviver e prosperar, pode empurrar os custos do trabalho cada vez mais para baixo, mas os custos do trabalho são o rendimento e o consumo de alguém. Eis porque se trata de um processo auto-destrutivo.

15/Agosto/2011

Sobre as conclusões da Cimeira dos Países da Zona Euro – João Ferreira

22 Sexta-feira Jul 2011

Posted by cduarouca in Economia, Euro, Grécia, Parlamento Europeu, PCP

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BCE, capitalismo, CDS, Europa, FMI, mudança, Passos Coelho, PS, PSD, renegociação da dívida pública, ruptura, Soberania, trabalhadores, Troika, Ue

Forçados pelo desastre a que foi conduzida a Grécia e para que estão a ser encaminhados outros países da Europa, designadamente Portugal e a par do risco de alastramento do incumprimento à Itália e à Espanha, a Reunião Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da Zona Euro de ontem tomou decisões que constituem um novo e mais grave passo no sentido da limitação da soberania dos Estados, uma resposta no sentido da garantia dos interesses do capital financeiro e das principais potências europeias, um factor de agravamento da situação do país e de limitação ao seu desenvolvimento e progresso.

1. As decisões adoptadas são uma confissão de que as propostas do PCP (reiterada e irresponsavelmente rejeitadas por PSD,CDS e PS) para a renegociação da dívida são um caminho inevitável, como é testemunhado por esta “renegociação” encapotada e que põe a nu, ao contrário do que sistematicamente foram negando, que a renegociação da dívida é não só possível como inevitável. No entanto, o conteúdo e os termos das decisões tomadas não são a mudança que a situação impõe para dar resposta aos problemas dos trabalhadores e dos povos da Europa, mas a insistência no caminho do retrocesso social e de declínio económico. Continuar a ler →

Domenico Losurdo, revolucionário e marxista criador – Miguel Urbano Rodrigues

03 Domingo Jul 2011

Posted by cduarouca in Miguel Urbano Rodrigues, PCP, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, falsificação, história, Imperialismo, Khruchov, Lenine, Marx, Rússia, Socialismo, Stalin

O filósofo e historiador italiano Doménico Losurdo esteve em Portugal em Junho a convite da revista web odiario.info para apresentar os seus livros Stalin, estória e critica de uma lenda negra e Fuga da História [*] .

Losurdo, que é professor catedrático da Universidade de Urbino, dedicou atenção especial a desmontar a falsificação da Historia montada no Ocidente para satanizar Stálin.

Para o autor de Fuga da História a reimplantação do capitalismo na Rússia após a desagregação da União Soviética foi uma tragédia para a Humanidade. Mas essa conclusão não é para ele incompatível com a convicção de que o fim da URSS foi o desfecho de uma soma de factores inseparáveis da incapacidade da concretização do projecto socialista concebido por Lénine, com base na teoria de Marx. Continuar a ler →

Crise sistémica global – Global Europe Anticipation Bulletin

22 Quarta-feira Jun 2011

Posted by cduarouca in Economia, Euro, Grécia, Notícias, PCP, Política, Sociedade, Trabalhadores

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Agências de rating, bancos americanos, capitalismo, crise, dívida federal dos EUA, dívidas públicas, especulação, EUA, França, Japão, Outono 2011, praças financeiras, Reino Unido, Títulos do Tesouro dos EUA, Wall Street, zona euro

Último alerta antes do choque do Outono de 2011:
Quando US$15 milhões de milhões de activos financeiros se desfarão em fumo

Em 15 de Dezembro de 2010, no GEAB nº 50, a equipe do LEAP/E2020 antecipava a explosão das dívidas públicas ocidentais no segundo semestre de 2011. Descrevíamos então um processo que partiria da crise das dívidas públicas europeias [1] para a seguir atear o fogo ao coração do sistema financeiro mundial, ou seja, a dívida federal dos EUA [2] . E eis-nos aqui, com este GEAB nº 56, à beira do segundo semestre de 2011, com uma economia mundial em pleno descalabro [3] , um sistema monetário global cada vez mais instável [4] e praças financeiras que estão em transe [5] , tudo isso apesar dos milhões de milhões de dinheiro público investidos para evitar precisamente este tipo de situação. A insolvência do sistema financeiro mundial, e em primeiro lugar do sistema financeira ocidental, retorna novamente à frente da cena após pouco mais de um ano de políticas cosméticas visando afundar este problema fundamental sob carradas de liquidez.

Em 2009 havíamos estimado que o planeta contava com cerca de US$30 milhões de milhões de activos fantasmas. A metade aproximadamente desfez-se em fumo em seis meses, entre Setembro de 2008 e Março de 2009. Para a nossa equipe, é agora a vez de a outra metade, os restantes 15 milhões de milhões de activos fantasmas, pura e simplesmente desvanecerem-se entre Julho de 2011 e Janeiro de 2012. E desta vez, as dívidas públicas estarão igualmente em causa, ao contrário de 2008/2009 em que foram essencialmente os actores privados os afectados. Para avaliar a dimensão do choque que se prepara, é útil saber que mesmo os bancos americanos começam a reduzir a sua utilização dos Títulos do Tesouro dos EUA para garantir suas transacções, por medo dos riscos crescentes que pesam sobre a dívida pública estado-unidense [6] . Continuar a ler →

A crise está no DNA do sistema capitalista – George Mavrikos

19 Domingo Jun 2011

Posted by cduarouca in Economia, Grécia, Internacional, Nacional

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capitalismo, crise, FMI, fosso, maus trabalhadores portugueses, pobres, ricos

Queridos amigos e companheiros,

Saudamos a todos os presentes em nossa reunião de hoje e agradeço-lhes pela sua participação neste evento que tem como objetivo informar sobre as iniciativas e atividades da FSM já aprovadas pelo Secretariado, para ouvir suas sugestões.

Dois ou três anos atrás, quando surgiu a nova crise do sistema, ouvimos muitos analistas tentando convencer-nos de que a culpa pela crise era dos Golden Boys, o capitalismo de casino e outros comentários bonitos e agradáveis …

Agora, esses mesmos analistas tentaram e ainda tentam nos convencer de que devemos culpar os maus trabalhadores gregos, aos maus trabalhadores portugueses, que a culpa é do povo espanhol, dos italianos, irlandeses, belgas, etc, dos grandes salários dos trabalhadores, etc.

Todas estas análises têm um único objetivo: esconder a verdade aos trabalhadores. Esconder que a crise é uma crise profunda do sistema capitalista, que multiplica as rivalidades inter-imperialistas e inter-capitalistas pelo controle de novos mercados, a redistribuição das fronteiras para controlar os países e as fontes de produção de riqueza. Continuar a ler →

Europa tornou-se sistema de partido único – Entrevista a ISTVÁN MÉSZÁROS

15 Quarta-feira Jun 2011

Posted by cduarouca in Economia, Grécia, Internacional, Política, Sociedade, Trabalhadores

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capitalismo, desenvolvimento socioeconómico global, direita, entrevista, Europa, Folha

A actual crise do capitalismo enterrou os resquícios de diferença entre social-democratas e conservadores na Europa. Vale para o continente a frase que o escritor Gore Vidal cunhou para caracterizar os EUA: é um sistema de um só partido com duas alas direitistas.

FOLHA – A resposta dos social-democratas à crise foi voltar às ideias de John Maynard Keynes sobre intervenção estatal, enquanto governos de esquerda na América Latina reforçaram o papel do Estado no desenvolvimento. Eles estão certos?
ISTVÁN MÉSZÁROS –
Governos social-democratas sempre tentam voltar a Keynes para solucionar o que acreditam ser crises financeiras. Isso pode trazer alívio temporário, mas não uma solução real. Isso porque as chamadas crises financeiras são também sociais, com extensas ramificações, especialmente sob as actuais condições de desenvolvimento socioeconómico global.

Nas últimas décadas nós assistimos a uma significativa –e também perigosa– virada em favor do domínio económico-financeiro, como uma alternativa em última instância inalcançável ao desenvolvimento produtivo, muitas vezes com consequências incontroláveis ou até mesmo fraudulentas, mesmo quando sancionadas pelo Estado. Em muitos países o resultado foi e continua sendo a falência maciça, seguida de resgates feitos pelo Estado, que mergulha mais e mais no chamado “endividamento soberano”.

Na Europa três países estão obviamente falidos –Grécia, Irlanda e Portugal–, enquanto vários outros, incluindo economias maiores como a Itália e o Reino Unido, não estão muito longe disso. É verdade que “Estados soberanos” podem intervir para se proteger, por meio do agravamento de seu próprio endividamento. Mas também há um limite para isso, e ir além pode gerar problemas ainda piores. A dura verdade é que agora nós ultrapassamos as mais optimistas recomendações keynesianas: em vários países o volume de dívida insustentável chegou aos trilhões de dólares. Continuar a ler →

O ataque contra a força de trabalho – Noam Chomsky

13 Segunda-feira Jun 2011

Posted by cduarouca in Economia, EUA, Internacional, Noam Chomsky

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1º de Maio, capitalismo, direitos dos trabalhadores, feriado dos trabalhadores internacionais, trabalhadores

Há uma década, foi cunhada pelos activistas laborais italianos em honra do 1º de Maio uma palavra útil: “precariedade”. Referia-se, de início, à população trabalhadora “à margem”.

Na maior parte do mundo, o dia 1 de Maio é um dia feriado dos trabalhadores internacionais, ligado à amarga luta dos trabalhadores americanos do séc. XIX pela jornada de trabalho de oito horas. O 1º de Maio passado leva-nos a uma sombria reflexão.

Há uma década, foi cunhada pelos activistas laborais italianos em honra do 1º de Maio uma palavra útil: “precariedade”. Referia-se inicialmente à cada vez mais precária existência da gente trabalhadora “à margem” – mulheres, jovens e imigrantes.

Logo de seguida, ela foi alargada e aplicada ao crescente “precariado” no núcleo da força laboral, o “proletariado precário” que sofria os programas de des-sindicalização, flexibilização e desregulação que formam parte do ataque contra a força de trabalho em todo o mundo.

Nessa altura, inclusive na Europa, havia uma preocupação crescente sobre aquilo a que o historiador do trabalho Ronaldo Munck, citando Ulrich Beck, chama a “brasileirização do Ocidente” “… a proliferação do emprego temporário e sem segurança, a descontinuidade e relaxamento das normas nas sociedades ocidentalizadas, que até então tinham sido bastiões do pleno emprego”. Continuar a ler →

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