2016, ano de eleições presidenciais em Portugal e nos EUA. Salvaguardadas as devidas diferenças de dimensão, riqueza e regime dos países em causa uma semelhança descortinamos, as de cá foram, as de lá serão (como é habitual), eleições de televisão, com baixa participação eleitoral e muito, muito, espectáculo.
O Emídio Rangel tinha razão, a televisão, afinal, pode, mesmo, vender Presidentes da República. Das eleições portuguesas estão feitas as digestões dos resultados, algumas mais aziadas, como a minha – vi eleito um presidente de direita e Edgar Silva aquém do exigido. É por isso, talvez, tempo de um derradeiro olhar, um olhar mais distante, que o tempo já começou a esculpir.
Participei em várias acções de campanha, das que não aparecem ou aparecem fugazmente na televisão: visitas a instituições, distribuições, sessões públicas, comícios, debates. Como eu, foram centenas no distrito, milhares no país, chamando a atenção para os problemas da região e do país, para o papel do Presidente da República, para as opções políticas com que Portugal se confrontará no futuro. Contrariamente a outras campanhas eleitorais foram raras, muito raras mesmo, as vezes em que nos cruzámos na rua com as outras candidaturas, apesar de serem dez ao todo. E por uma razão simples, não fizeram campanha, circunscreveram-se a uns bonecos para a televisão.