
Entrevista efectuada em Novembro de 2011.
– Estando o PCP fora da representação autárquica em Arouca, como tem sido feita a vossa ação política ?
FG – Temos tomado posição sobre os assuntos de interesse do concelho, realizado distribuições de documentos, mantido actualizadas as estruturas fixas de propaganda, divulgado e participado nas iniciativas de massas. Lançamos em 2010 um caderno temático sobre o reordenamento escolar do 1º ciclo e pretendemos lançar um segundo caderno temático em 2012 sobre as questões do desenvolvimento sustentado. Criamos, em 2009, a nossa plataforma de trabalho, o blogue – www.cduarouca.wordpress.com, que regista mais de 41000 acessos.
– Nas Assembleias Municipais têm usado o período destinado ao público para intervirem politicamente. Com que sentido estratégico o fazem?
FG – Porque fizémos essa promessa após as eleições e, principalmente, porque a democracia só o é de facto se for participativa, se os cidadãos participarem no “governo da cidade”.
– Tem valido a pena esse esforço?
FG – Tem, porque para além das questões colocadas pelos nossos militantes terem chamado algumas matérias à discussão pública, estamos a valorizar o papel da Assembleia Municipal e a promover a intervenção dos munícipes.
– Na sua opinião, o que tem faltado ao PCP para eleger autarcas?
FG – A influência do PCP ultrapassa em muito a votação que temos. As eleições são um instrumento importante da democracia representativa. Mas, o nosso conceito de democracia é mais lato, é o da democracia participativa. Na nossa região o PCP tem alguma dificuldade em eleger autarcas. Isso deve-se em grande medida, a algum preconceito e ao facto do voto ser muito conservador. Cada voto na CDU é conquistado a pulso. Temos que trabalhar mais!
– Como está o partido a preparar as próximas eleições autárquicas?
FG – Nesta fase, a nossa preocupação central é a de manter um trabalho regular no concelho – ter uma acção permanente, reforçar a estrutura e os militantes do concelho, chamar mais gente ao espaço da CDU.
– Como vê as as medidas de austeridade e que impacto julga que terão em Arouca?
FG – O Orçamento de Estado para 2012 vai trazer mais impostos, mais cortes nos salários e nas pensões, mais degradação dos serviços públicos, menos apoios sociais… mais desemprego, mais recessão, mais crise … mais afundamento do país. Para os partidos do governo é uma oportunidade para, a pretexto da crise, destruir o que a Constituição ainda consagra.
Arouca e os arouquenses, tal como a generalidade do país vive do mercado interno, e como as famílias, após impostos e cortes nos salários e pensões, pagamentos de empréstimos, da água, da luz, das telecomunicações, terão menos dinheiro, o consumo vai baixar e quem vive do mercado interno vai vender muito menos.
A saída da crise só poderá ser feita através da dilatação dos prazos de pagamento do empréstimo da troika e de aplicação do pacto de estabilidade e crescimento, da redução das taxas de juro dos empréstimos que Portugal contraiu, de colocar o BCE a financiar os Estados em vez da Banca (com juro abaixo do custo de mercado) e assim libertar recursos para a dinamização do mercado interno por via do investimento público, do apoio à produção nacional e do aumento do rendimento disponível das famílias. Só a criação de movimento popular de rejeição ao pacto de agressão da troika possibilitará isso. Caso assim não seja seguiremos o trilho grego.
– Pensa que as prioridades das autarquias terão de ser outras? Quais?
FG – Desde logo não embarcar na política de concentração e encerramentos de serviços na saúde, na educação, nas forças de segurança, nas estações de CTT, etc.. Reforçar os serviços de apoio social, tanto na sinalização dos mais necessitados como na disponibilização do apoio possível. Continuar a ler →