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No passado dia 8 de março celebrou-se mais um Dia Internacional da Mulher que conta já com 113 anos de comemoração (desde 1910). No entanto, só em 1975, as nações unidas, declararam este dia como o Dia Internacional da Mulher. Passados todos estes anos seria de esperar que já não fosse necessário comemorar o dia, ou que esta comemoração fosse apenas simbólica, recordando as conquistas que se fizeram ao longo na história.
É importante realçar e não esquecer todas as conquistas até aqui conseguidas, como o direito ao voto, à educação e ao trabalho. Para quem nasceu após 1974, como eu, é difícil entender como é que foi possível as mulheres estarem impedidas de exercer o direito ao voto, de ir à escola ou de trabalhar, estando dependentes financeiramente dos homens. As nossas avós ficavam em casa a tomar conta dos filhos e a trabalhar no campo, sem salário, e poucas são as que foram à escola, muitas nem sequer sabiam assinar o nome. Felizmente, já não é assim, embora persistam as desigualdades nos salários e dificuldades no acesso a cargos de chefia. Um estudo do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa realizado no ano de 2019 revelou que os salários das mulheres são 17,2% mais baixos do que os dos homens. Revela ainda o estudo de que o salário mínimo nacional é sobretudo auferido por mulheres. No entanto, a escolaridade das mulheres empregadas é superior à dos homens empregados, estando as mulheres sobre representadas nas profissões menos valorizadas e remuneradas. Por outro lado, nos cargos de gestão de topo, observa-se o inverso. Dados da União Europeia apontam ainda para uma disparidade entre homens e mulheres inativas devido a responsabilidades de cuidados a familiares, existindo na Europa, 6% de homens e 24,4% de mulheres nesta condição.
Infelizmente, o dia 8 de março, não é apenas uma comemoração para recordar as conquistas, existindo ainda muitas desigualdades entre homens e mulheres, principalmente em questões laborais. Por exemplo, no caso das enfermeiras, quando trabalhei no hospital assisti a ataques ao direito à amamentação, que por sinal nem é um direito da mãe, mas sim da criança. Assiste-se, nos dias de hoje, a uma pressão das chefias para que as mulheres deixem de ter horário de amamentação, havendo uma falta de compreensão e empatia para com as mães que se encontram em período de puerpério. O mais incompreensível é que esta pressão é muitas vezes exercida por mulheres que também já passaram por esse período, pelo que deveriam ter outra atitude. Sabemos que o período perinatal é por si só um período vulnerável onde ocorrem mudanças significativas na vida da mulher, pelo que devemos exigir que exista uma mudança de paradigma nos locais de trabalho defendendo os direitos da mulher e da criança.
É necessário continuar a luta pela igualdade de direitos para que não regressemos ao tempo dos nossos avós. Lutemos hoje e sempre!
“Roda Viva”, 16 de Março de 2023