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O Go­verno des­res­peita a Cons­ti­tuição e alinha o País com os fal­cões do Pen­tá­gono

A luta em de­fesa da so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­onal tornou-se ta­refa in­con­tor­nável. A po­lí­tica de di­reita pra­ti­cada pelo Go­verno do PS e o brutal agra­va­mento das con­di­ções de vida das massas tra­ba­lha­doras é in­se­pa­rável de uma po­lí­tica ex­terna que não só não de­fende o in­te­resse na­ci­onal da gula do grande ca­pital na­ci­onal e es­tran­geiro como está ser­vil­mente ali­nhada com a es­tra­tégia be­li­cista dos EUA, NATO e União Eu­ro­peia.

O la­men­tável po­si­ci­o­na­mento em re­lação à guerra na Ucrânia e aos pro­blemas da se­gu­rança na Eu­ropa, não é caso único. Exem­plos como o do in­de­cente re­co­nhe­ci­mento do fan­toche Guaidó na (der­ro­tada) cons­pi­ração contra a Ve­ne­zuela bo­li­va­riana não deve ser es­que­cido. Mas a au­tên­tica de­riva de ir­res­pon­sa­bi­li­dade e sub­ser­vi­ência em re­lação à si­tu­ação no Leste da Eu­ropa ul­tra­passa todas as marcas. Mais mi­li­tares por­tu­gueses para re­forçar o cerco da NATO à Rússia, mais armas para o te­atro de ope­ra­ções, ac­ti­vís­sima pro­moção do fas­ci­zante poder ucra­niano e do seu pre­si­dente, sempre mais e mais en­vol­vi­mento de Por­tugal na es­ca­lada de con­fron­tação, como a mi­nistra da De­fesa foi pro­meter na sua re­cente vi­sita a Kiev. A cha­mada de pri­meira pá­gina do Pú­blico de 20.02.23 sobre a en­tre­vista de An­tónio Costa – «A paz só é pos­sível com a vi­tória da Ucrânia e a der­rota da Rússia» – é par­ti­cu­lar­mente sig­ni­fi­ca­tiva da po­sição de um go­verno que, em lugar de pugnar pela so­lução po­lí­tica de um con­flito que já dura há nove anos, tri­pudia o es­pí­rito e a letra da Cons­ti­tuição e alinha Por­tugal com os fal­cões do Pen­tá­gono.

E tudo isto em nome da «de­mo­cracia» e do «di­reito in­ter­na­ci­onal» es­con­dendo do povo por­tu­guês o te­ne­broso pro­cesso que con­duziu ao ac­tual drama na Ucrânia. Como se, para con­se­guir a ane­xação da RDA com a sua in­cor­po­ração na NATO, não ti­vesse sido as­su­mido o com­pro­misso de não alargar esta ali­ança agres­siva que en­tre­tanto já chegou às fron­teiras da Rússia. Como se a so­be­rania e in­te­gri­dade ter­ri­to­rial da Ju­gos­lávia ti­vesse sido res­pei­tada pelo «Oci­dente» e não des­truída à bomba pela NATO. Como se a Ucrânia, em lugar do país mais cor­rupto e em­po­bre­cido da Eu­ropa, vi­veiro e campo de treino de or­ga­ni­za­ções nazi-fas­cistas (como até o pró­prio Pú­blico a seu tempo re­co­nheceu) fosse um bas­tião da «de­mo­cracia» e do «mundo livre». Como se o G7 das grandes po­tên­cias ca­pi­ta­listas não ti­vesse aco­lhido com en­tu­si­asmo Vla­dimir Putin num efé­mero G8, na es­pe­rança de que aju­dasse a com­pletar a obra des­trui­dora de Ieltsin. Como se, com o golpe fas­cista de 2014, não ti­vesse sido de­sen­ca­deada uma guerra cri­mi­nosa contra a po­pu­lação rus­só­fona no Leste da Ucrânia e os acordos de paz de Minsk não ti­vessem sido ci­ni­ca­mente des­res­pei­tados, como Merkel con­fessou.

Como se… Po­díamos con­ti­nuar, mas o que fica dito é su­fi­ci­ente para ver o grau de en­co­bri­mento, men­tira e ma­ni­pu­lação a que se chegou no «Oci­dente» para dar co­ber­tura às pre­ten­sões do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano de do­mínio do mundo. Que o go­verno por­tu­guês alinhe ac­ti­va­mente em tal ope­ração ma­ni­pu­la­dora é ina­cei­tável e pe­ri­goso para a so­be­rania na­ci­onal e para o pró­prio re­gime de­mo­crá­tico. A in­ten­si­fi­cação da luta pela po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que o PCP pre­co­niza é mais ne­ces­sária do que nunca.

“Avante!”, 9 de Março de 2023