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Quem olhar para os tí­tulos dos jor­nais (edi­ções elec­tró­nicas) de 31 de Ja­neiro, sobre a evo­lução da in­flação nesse mês, no mí­nimo fi­cará con­fuso. O tom geral é o de que a «in­flação desce». O Jornal de Ne­gó­cios chega mesmo a afirmar que «Ja­neiro traz um novo recuo nos preços».

Ora, acon­tece que em Ja­neiro os preços não só não des­ceram como con­ti­nu­aram a au­mentar, li­gei­ra­mente menos do que em meses an­te­ri­ores, é certo, mas a au­mentar. Neste caso, se­gundo o INE, neste mês que findou, os preços au­men­taram 8,3% face a igual pe­ríodo do ano an­te­rior. Au­mentos que se fazem sentir de forma par­ti­cu­lar­mente se­vera na vida dos tra­ba­lha­dores e do povo que, logo no pri­meiro dia do ano, foram brin­dados, entre ou­tros exem­plos, com uma su­bida de 7,3% nas por­ta­gens (4,9% su­por­tados di­rec­ta­mente pelos con­su­mi­dores). Já para não falar de au­mentos já anun­ci­ados para Março, como nos ser­viços pos­tais (6,8%) ou nos ser­viços de te­le­co­mu­ni­ca­ções (In­ternet, TV, Te­le­fone, etc) cujas ope­ra­doras – qual cartel!! – anun­ci­aram um agra­va­mento das ta­rifas em 7,8%.

Sim, os preços con­ti­nuam a subir neste ano de 2023 e su­birão bas­tante mais do que os 4% que o Go­verno ins­creveu na pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado para 2023, so­bre­tudo para iludir a ace­le­rada perda de poder de compra e conter o au­mento dos sa­lá­rios.

E, con­tra­ri­a­mente ao que dizem os porta-vozes dos in­te­resses do grande ca­pital, a so­lução para a su­bida dos preços não está na re­dução cega dos im­postos. Nos com­bus­tí­veis, por exemplo, os im­postos re­du­ziram e os preços cres­ceram. Ou aqui ao lado em Es­panha, o IVA zero para vá­rios bens es­sen­ciais tra­duziu-se, não numa des­cida dos preços mas no au­mento das mar­gens de lucro da grande dis­tri­buição.

Que não haja dú­vidas, no mo­mento ac­tual, a ver­da­deira res­posta à in­flação passa pela re­gu­lação dos preços e pela su­bida dos sa­lá­rios, sem es­quecer, é claro, o com­bate à es­pe­cu­lação, de­sig­na­da­mente por via da tri­bu­tação ex­tra­or­di­nária dos lu­cros es­can­da­losos que têm sido al­can­çados. Não é essa a opção do Go­verno, e menos ainda do PSD, CDS, Chega e IL. Mas não há outro ca­minho que não o de lutar pela sua con­cre­ti­zação: ou isso, ou o em­po­bre­ci­mento e de­fi­nha­mento do povo e do País

“Avante!”, 2 de Fevereiro de 2023.