Quando o novo secretário-geral do PCP disse na televisão, em duas entrevistas diferentes, que atribui a culpa da guerra na Ucrânia aos Estados Unidos, NATO, União Europeia e Rússia por, desde 2014, todos eles participarem na escalada de um conflito que ameaça a Humanidade, pareceu-me usar de uma clareza cristalina.
Quando Paulo Raimundo sublinhou, numa dessas entrevistas, que o povo ucraniano não teve responsabilidades numa situação em que é a principal vítima, mas que acabou por ser usado pelas potências como um instrumento de agudização de um conflito geopolítico, pareceu-me ter demonstrado cabalmente como a posição crítica do PCP sobre a guerra aponta para os poderosos deste mundo e não para os povos que eles governam.
Quando, ainda, Paulo Raimundo contou o número de dias (cerca de três mil, desde 2014) em que o PCP está a denunciar publicamente como as potências envolvidas deitam gasolina para a fogueira das tensões locais, pareceu-me estar a expor assertivamente a hipocrisia dos que acham que a guerra na Ucrânia teve o ponto de partida no dia 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram o país.
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