Na manhã de 4 de Julho de 1942, António Ferreira Soares, militante destacado do PCP é assasinado pelo PVDE, tinha 39 anos. Foram 14 as balas de pistola metralhadora desfechadas à queima roupa.
Nascido em Fevereiro de 1903, em Viana do Castelo, a sua vida iria ficar tragicamente assinalada pelo crime que lhe pôs termo.
Figura querida no imaginário popular das gentes da Beira Litoral, ligar-se-ia desde a infância ao fascínio da região da Ria de Aveiro.
Confrontado com a barbárie fascista, Ferreira Soares, homem de ideias claras e firme determinação, adere ao PCP. Aliando então a actividade revolucionária ao trabalho clínico.
A acção dinamizadora empreendida por Ferreira Soares, não passara despercebida aos olhos da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE). E em 1936, o médico comunista mergulha numa semi-clandestinidade, refugiando-se em Nogueira da Regedoura, Vila da Feira. Cerca de 6 anos viveu o clínico-militante escondido entre o povo, que o agasalhava e avisava dos mínimos movimentos suspeitos de estranhos na área.
Os esbirros salazaristas vinham apertando o cerco ao abnegado intelectual e activista, classificado pelo médico legionário Silva Leal, como “o indivíduo mais perigoso do norte”.
Na manhã de 4 de Julho de 1942, é armada a Ferreira Soares uma diabólica cilada, na figura de uma falsa doente que se lhe apresenta, acompanhada de um homem, no consultório que mantinha em casa.
Foram 14 as balas de pistola metralhadora desfechadas à queima roupa, foram 14 as balas que lhe ceifaram a vida cerca das 11 horas da manhã.
Transportado pela PVDE à Casa de Saúde do Dr. Gomes de Almeida, em Espinho, “o médico dos pobres”, como era chamado, chegou já cadáver.
Vilmente assassinado, António Ferreira Soares, médico, humanista, etnólogo, crítico, contista e destacado membro do Comité Regional do Douro do Partido Comunista Português, ergue-se como justo exemplo de sacrifício e luta, de despojamento e dignidade!
