Nos últimos tempos temos assistido a vários fenómenos que revelam o quanto o Homem é influenciado pelo medo. O medo de um vírus fez com que milhões de pessoas em todo o mundo alterassem as suas rotinas de forma nunca antes vista. O medo de algo invisível. Um medo intensificado pelo constante bombardeamento de notícias trágicas, muitas delas abusivas, a toda a hora, pelos mais diversos meios de comunicação. Um medo que gerou e ainda gera stress, ansiedade, isolamento social, afastamento daqueles que nos serão queridos. Todos estes fatores podem influenciar o aparecimento de outras doenças e o agravamento das pré-existentes. Mas isso ficou esquecido, apenas uma doença teve voz. A doença do medo.
O mais recente fenómeno do medo deu-se no passado dia 30, dia de eleições. Em alguns casos as pessoas terão mantido as suas convicções e votaram, sem medo, segundo os seus princípios. Mas muitos foram os que votaram em função daquilo que não querem e não em função daquilo que querem. Deixaram de lado as suas reais convicções, pois o medo falou mais alto. No entanto, o medo não foi o único culpado. Os media e as redes sociais são os grandes influenciadores das decisões das pessoas. Tal é a influência que há quem opte apenas por dois lados, esquecendo-se de que está a eleger deputados para o seu distrito e não o primeiro-ministro.
Mas falemos agora do medo e das nossas decisões, sejam elas de que natureza forem. O medo é uma emoção básica do ser humano e quando estamos perante uma situação de perigo iminente pode ser fundamental e até mesmo vital. Se virmos por exemplo uma cobra, o conhecimento que temos de que o veneno de cobra pode ser letal fará com que nos afastemos por medo de uma picada. Neste caso o medo será útil. No entanto, muitas das nossas decisões baseadas no medo podem ser prejudiciais. Por exemplo, o medo de ser despedido faz com que muitas vozes se calem mesmo que os seus direitos estejam em causa.
Como podemos então combater o medo antes de tomar uma decisão? Através do conhecimento, do pensamento crítico e da reflexão. Pensar nas várias perspetivas, pesquisar informação fidedigna sobre o assunto, conversar com pessoas diferentes, amigos, familiares, organizações. Um pensamento útil antes de se tomar uma decisão é o seguinte: O que de pior pode acontecer se eu tomar esta decisão? E aquela? Se o pior acontecer quais as alternativas que tenho? O que posso fazer a seguir? Quais as vantagens e desvantagens de cada uma das decisões? Acreditar em nós e nas nossas potencialidades e capacidades é fundamental para a tomada de decisão.
Busquemos conhecimento e após reflexão passemos à ação! Lutemos sem medo pelas nossas convicções, por um mundo melhor, mais solidário e menos egoísta! Lutemos por nós, mas lutemos principalmente pelos outros! Lutemos sem medo!
“Roda Viva”, 17 de Fevereiro de 2022