Primeiro foi o “vivíamos no paraíso e veio o PCP e chumbou o orçamento”. Depois o “Ómicron de manhã, ao meio-dia e à noite”. A seguir “o Natal, a passagem do ano e a semana de contenção de contactos”. Por último, teremos a campanha eleitoral e o terrível drama, o horror, “o perigo da ingovernabilidade do país” após 30 de janeiro. Pelo meio Cabritas, Rendeiros e quejandos.
Estamos a pouco mais de uma semana das eleições legislativas de 30 de Janeiro. No quadro político e institucional que resultar das eleições, vai colocar-se o rumo para o País. Muito mais determinará esse rumo, desde logo a luta dos trabalhadores e das massas populares com o seu papel determinante, mas os resultados das eleições e a relação de forças institucional que delas vai decorrer tem particular importância.
O voto da CDU é o voto que decide das soluções para o País
À medida que o tempo passa fica mais claro que o PS conviveu mal com a convergência dos últimos anos para promover avanços, resistiu, limitou e travou medidas e procurou fugir desse caminho.
O PS fez tudo para que a Proposta de Orçamento de Estado para 2022 não fosse aprovada, a alternativa que colocou era a chantagem: ou deixavam passar e viabilizavam, no orçamento e além dele, o que queria – que não respondia e agravava os problemas nacionais – , ou precipitava a realização de eleições.
O PS e o Presidente da República desencadearam a antecipação das eleições. Essa batalha política está em curso.
Salário mínimo dependente da vontade dos patrões, função pública empobrecida, mercantilização da água e revisão da Lei de Bases da Saúde, escancarando a porta aos privados, são algumas das propostas do PSD.
Nuno Veiga / Agência Lusa
Nos vários debates e entrevistas do presidente do PSD, Rui Rio tem assentado a sua oratória no argumento de que é alternativa, rejeitando responsabilidades pelo programa recessivo aplicado pelo governo de Passos e Portas, que o então líder do PSD assumia orgulhosamente estar «muito além do memorando da troika». Mas, analisando o programa às eleições de 30 de Janeiro, percebemos que a matriz está lá.