Pro­mover um am­bi­ente sau­dável e ga­rantir o acesso à água e à energia, a pre­ser­vação dos ecos­sis­temas na­tu­rais, das flo­restas e da bi­o­di­ver­si­dade

Pro­mover um am­bi­ente sau­dável e ga­rantir o acesso à água e à energia, a pre­ser­vação dos ecos­sis­temas na­tu­rais, das flo­restas e da bi­o­di­ver­si­dade

A si­tu­ação am­bi­ental do País é mar­cada pela pri­va­ti­zação de sec­tores fun­da­men­tais como a água, a energia ou os re­sí­duos, pela pro­gres­siva mer­can­ti­li­zação da na­tu­reza e pela de­pau­pe­ração dos meios e pos­si­bi­li­dades de ac­tu­ação dos ser­viços pú­blicos des­ti­nados ao tra­ta­mento das ques­tões am­bi­en­tais.

A abor­dagem às al­te­ra­ções cli­má­ticas, seja no do­mínio da mi­ti­gação, seja em re­lação à adap­tação, ca­rac­te­riza-se pela in­su­fi­ci­ência e de­sa­de­quação de me­didas, as­sentes quer na des­lo­ca­li­zação de emis­sões quer em «so­lu­ções de mer­cado», como o co­mércio de emis­sões ou a «fis­ca­li­dade verde», que re­ve­laram já a sua ine­fi­cácia e per­ver­si­dade.

O ac­tual «ro­teiro da des­car­bo­ni­zação» e de tran­sição ener­gé­tica – de­sen­qua­drado de qual­quer con­si­de­ração de gra­du­a­li­dade e ob­jec­tivos de de­sen­vol­vi­mento, pro­gresso e jus­tiça so­cial – tem sido pre­texto para o en­cer­ra­mento de im­por­tantes uni­dades pro­du­tivas, ao invés da aposta na sua mo­der­ni­zação, sem efec­tivos ga­nhos am­bi­en­tais.

O dé­fice ener­gé­tico acentua-se, para o que con­tribui o en­cer­ra­mento de uni­dades es­tra­té­gicas (como a re­fi­naria de Ma­to­si­nhos) sem que te­nham sido as­se­gu­radas al­ter­na­tivas. Per­sistem e agravam-se os ele­vados custos da energia para os con­su­mi­dores e em­presas.

O PCP de­fende:

• A adopção de me­didas de mi­ti­gação e de adap­tação às al­te­ra­ções cli­má­ticas, en­qua­dradas por ob­jec­tivos de pro­moção do em­prego, de­sen­vol­vi­mento e mo­der­ni­zação do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal e com­bate à de­pen­dência ex­terna, que con­tem­plem, entre ou­tros, os se­guintes as­pectos: a con­ser­vação e me­lhoria da fer­ti­li­dade do solo, o con­trolo da erosão, me­didas de re­tenção de água; o au­mento da efi­ci­ência do uso da água; o res­tauro e con­ser­vação de ecos­sis­temas; a pre­venção dos efeitos das ondas de calor; a pre­venção de pragas, do­enças e es­pé­cies in­va­soras; a pro­tecção da orla cos­teira; a pro­tecção contra inun­da­ções;

• O or­de­na­mento do ter­ri­tório, abar­cando vá­rias di­men­sões, com par­ti­cular en­foque na flo­resta, vi­sando a pre­venção es­tru­tural de in­cên­dios, e na pro­dução agrí­cola, li­mi­tando os modos de pro­dução in­ten­siva e su­pe­rin­ten­siva e tendo em vista a pro­moção, con­ser­vação e re­cu­pe­ração da bi­o­di­ver­si­dade;

• A pro­moção do acesso, uti­li­zação e sal­va­guarda dos re­cursos hí­dricos, com ga­rantia da sua gestão e pro­pri­e­dade pú­blicas, no âm­bito de uma Es­tra­tégia Na­ci­onal de Ga­rantia da Se­gu­rança Hí­drica do País;

• A adopção de um plano na­ci­onal de in­cen­tivo à pro­dução e con­sumo lo­cais, no quadro de um es­tí­mulo mais geral à pro­dução na­ci­onal, pau­tado por cri­té­rios de sus­ten­ta­bi­li­dade agro-ali­mentar;

• A adopção de um plano de com­bate à ob­so­les­cência pro­gra­mada, que pre­veja me­didas que ga­rantam o pro­lon­ga­mento da du­ra­bi­li­dade dos equi­pa­mentos; o de­sen­vol­vi­mento, no âm­bito da «tran­sição ener­gé­tica», de fi­leiras de re­ci­clagem e re­a­pro­vei­ta­mento de equi­pa­mentos di­versos;

• A adopção de um Plano Ener­gé­tico Na­ci­onal que tenha como ob­jec­tivos: a uti­li­zação ra­ci­onal da energia; a efi­ci­ência ener­gé­tica; o maior apro­vei­ta­mento de re­cursos en­dó­genos, par­ti­cu­lar­mente das re­no­vá­veis, in­cluindo o uso ra­ci­onal da bi­o­massa flo­restal; a re­dução dos preços da energia; o acesso da po­pu­lação e a com­pe­ti­ti­vi­dade da eco­nomia;

• As­se­gurar a re­versão da seg­men­tação e en­trega a grupos es­tran­geiros de im­por­tantes ac­tivos na­ci­o­nais, com a re­cu­pe­ração do seu con­trolo pú­blico (EDP, REN, GALP); de­sa­marrar a tran­sição ener­gé­tica dos in­te­resses do ca­pital mo­no­po­lista.