A Or­ga­ni­zação para a Co­o­pe­ração e De­sen­vol­vi­mento Eco­nó­mico (OCDE), em dados di­vul­gados no pas­sado dia 30 de No­vembro, prevê que o Pro­duto In­terno Bruto (PIB) na­ci­onal cresça 4,8% este ano e 5,8% em 2023. De acordo com estas pre­vi­sões, Por­tugal seria mesmo o País de maior cres­ci­mento eco­nó­mico de entre todos os que in­te­gram esta or­ga­ni­zação.

Por­tanto, de acordo com as pre­vi­sões avan­çadas, em 2022, há cres­ci­mento eco­nó­mico. O que prova que a não apro­vação do OE para 2022, além de não obrigar à dis­so­lução da AR e à con­vo­cação de elei­ções an­te­ci­padas, não de­sen­ca­deia o caos sobre a nossa eco­nomia, como in­si­nu­aram PS, PSD, CDS (e su­ce­dâ­neos) e tantos ou­tros ver­bor­reicos arautos da ide­o­logia do­mi­nante sempre prontos a de­fender os sa­cros­santos in­te­resses do grande ca­pital. Tentam dessa forma res­pon­sa­bi­lizar o PCP pela ale­gada crise po­lí­tica pro­vo­cada, se­gundo os seus ilu­mi­nados pen­sa­mentos, por «mes­qui­nhos» in­te­resses par­ti­dá­rios.

Ora, uma tal si­tu­ação impõe também como forte con­tri­buto para o de­sen­vol­vi­mento e a cri­ação de em­prego, o au­mento geral dos sa­lá­rios, in­cluindo do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal.

Ou seja, a vida dá razão ao PCP. Há con­di­ções para o au­mento dos sa­lá­rios. Só que o pro­blema que im­pede o au­mento dos sa­lá­rios não é de na­tu­reza eco­nó­mica. É de na­tu­reza po­lí­tica. Tem a ver com a sub­missão às im­po­si­ções da UE, ao ca­pital mo­no­po­lista e aos cri­té­rios do euro. Como se vê exac­ta­mente neste caso, quando, pe­rante esta pre­visão, a OCDE logo ad­verte que é pre­ciso pre­venir o au­mento rá­pido do SMN e o au­mento abrupto dos custos do des­pe­di­mento em Por­tugal; que é pre­ciso evitar re­verter re­formas no mer­cado de tra­balho.

Diz ainda a OCDE que é para não com­pro­meter uma «re­cu­pe­ração sus­ten­tável». Pois, pois, «re­cu­pe­ração sus­ten­tável»… Velho eu­fe­mismo com que se mas­cara a po­lí­tica de di­reita para quem a ri­queza pro­du­zida não é para dis­tri­buir por quem a produz, deve ir in­tei­rinha para os bolsos do grande ca­pital.

É o ca­pi­ta­lismo a fun­ci­onar «no seu me­lhor». E, pe­rante ele, para os tra­ba­lha­dores, só há uma so­lução: lutar, in­tervir, trans­formar. E, nessa luta, usar o voto para re­forçar a CDU, força de­ci­siva ao seu lado todos os dias.

“Avante!”, 9 de Dezembro de 2021