É ne­ces­sário dar mais força à luta anti-im­pe­ri­a­lista, à luta pela paz e à so­li­da­ri­e­dade para com os povos ví­timas da in­ge­rência e agressão do im­pe­ri­a­lismo. A gra­vi­dade da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal assim o exige. A si­tu­ação em Por­tugal que nos com­pete trans­formar está cada vez mais in­ter­li­gada e con­di­ci­o­nada pela si­tu­ação in­ter­na­ci­onal. A luta pela paz e a so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista é uma ta­refa cada vez mais re­le­vante no quadro da nossa luta pela rup­tura com dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e de sub­missão ao im­pe­ri­a­lismo e por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda.

Não é uma ta­refa fácil. Trata-se de uma frente da luta de classes em que a cen­sura tem sido im­pla­cável. A co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante si­lencia com­ple­ta­mente toda e qual­quer acção da­queles que se batem contra a de­men­cial cor­rida aos ar­ma­mentos e as guerras de agressão com que o im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e os seus ali­ados da NATO pro­curam su­focar a luta li­ber­ta­dora dos povos, cas­tigar os países que afirmem com co­ragem a sua so­be­rania, e do­minar o mundo. E ao mesmo tempo que dá ge­ne­roso es­paço a uma qual­quer ri­dí­cula «ma­ni­fes­tação» an­ti­co­mu­nista de meia dúzia de gatos pin­gados, em­penha-se em pro­mover «causas» e mo­vi­men­ta­ções que, ma­ni­pu­lando ha­bi­li­do­sa­mente pro­blemas re­al­mente sen­tidos, não só são to­le­rá­veis pelo ca­pi­ta­lismo, como o des­res­pon­sa­bi­lizam das causas reais de tais pro­blemas, che­gando mesmo ao ponto de servir de apoio ao lan­ça­mento de novas li­nhas de acu­mu­lação ca­pi­ta­lista, como está a su­ceder com a ins­tru­men­ta­li­zação da questão am­bi­ental, que se tornou numa das prin­ci­pais li­nhas da res­posta do sis­tema ao apro­fun­da­mento da sua crise es­tru­tural.

A ofen­siva po­lí­tica e ide­o­ló­gica da classe do­mi­nante vi­sando afastar as massas da luta em torno de ob­jec­tivos que apontem o dedo às suas res­pon­sa­bi­li­dades no agra­va­mento das in­jus­tiças e de­si­gual­dades so­ciais e no pe­rigo de con­flitos de ca­tas­tró­ficas pro­por­ções, cria reais di­fi­cul­dades ao de­sen­vol­vi­mento da luta na frente da paz e da so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista. Essa ofen­siva é par­ti­cu­lar­mente in­tensa em re­lação à ju­ven­tude. Trata-se de uma re­a­li­dade a ter em conta, não para nos con­for­marmos com ela, pelo con­trário, para em­pregar ainda mais es­forços numa in­ter­venção vol­tada para as massas e em par­ti­cular para a ju­ven­tude, uni­tária, con­fi­ante e for­ta­le­cendo as es­tru­turas do mo­vi­mento da paz e de so­li­da­ri­e­dade.

As con­cen­tra­ções pela de­vo­lução do di­nheiro rou­bado à Ve­ne­zuela, no dia 11 de No­vembro, e de so­li­da­ri­e­dade com Cuba e contra o blo­queio, no dia 15, são dois exem­plos re­centes de ac­ções com­ple­ta­mente si­len­ci­adas pela co­mu­ni­cação so­cial, mas que de­vemos va­lo­rizar. Pelo seu valor pró­prio, mas so­bre­tudo pelo que re­pre­sentam de exemplo e in­cen­tivo ao for­ta­le­ci­mento ne­ces­sário desta im­por­tante frente de luta.

“Avante!”, 25 de Novembro de 2021