As eleições eram a saída inevitável da rejeição da proposta de Orçamento do Estado?
Não. Nada obrigava a que fosse essa a consequência.
Aliás, o próprio Governo admitiu manter-se em funções e entrar em 2022 executando o orçamento em duodécimos.
Não havia nada que impedisse o Governo de continuar a exercer funções, tal como a Assembleia da República, respondendo ao que tem de responder no mais imediato, dando execução plena ao que o OE deste ano de 2021 tem inscrito e que está por executar, decidindo sobre questões decisivas que estão para lá do Orçamento, quer quanto a salários, direitos dos trabalhadores, preços da energia ou outras matérias.
Nada impedia sequer que o Governo apresentasse uma nova proposta de Orçamento se entretanto estivesse disponível para fazer as opções que agora recusou para responder aos problemas nacionais. Seria uma questão de vontade e opção do Governo.
Tendo o Governo recusado a hipótese de apresentar uma nova proposta de Orçamento e tendo o Presidente da República substituído há já algumas semanas a discussão do Orçamento pela precipitação de eleições antecipadas, a questão das eleições surge como consequência directa dessas tomadas de posição. Mas nada obrigava a isso nem essa discussão desobriga o Governo de usar as possibilidades que tem para, entretanto, responder aos problemas.
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