Se não fosse o «Estado», Portugal conheceria um crescimento económico fabuloso e o seu povo viveria faustosamente, liberto de impostos, burocracias e má gestão, e então só o mérito seria premiado. Esta narrativa, tão em voga no período áureo do cavaquismopara justificar o assaltoao sector público construído com a Revolução de Abril, volta hoje em força na voz de velhas e novas forças políticas e do autêntico exército de analistas, comentadores e jornalistas que todos os dias a repetem, num labor imenso para a credibilizar.
Deparam-se, porém, com um problema: tal narrativa é falsa – a menos, claro, que a olhemos apenas da perspectiva da ínfima minoria que soma fortunas à custa da privatização de serviços públicos e sectores económicos estratégicos, da desregulação de mercados e de ajudas estatais. De resto, não há exemplos que a sustentem, antes pelo contrário. Oparaíso liberal é só mesmo para alguns, muito poucos.
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