Oday Dabbagh já está a representar os arouquenses nesta época desportiva, tornando-se no primeiro palestiniano, formado no seu país, a disputar uma das cinco maiores competições da Europa.

Créditos/ Futebol Clube de Arouca
«Ao meu país, a Palestina, que é difícil de quebrar. Para o meu povo que se recusa a sucumbir à humilhação, que não sabe o significado da rendição ou da derrota». Foi aos seus que Dabbagh dedicou o título de campeão nacional e de melhor marcador na liga do Kuwait, ao serviço do Al-Arabi, na última temporada de 2021.
Dabbagh nasceu na cidade velha de Jerusalém, onde começou a sua carreira profissional no Campeonato da Cisjordânia de Futebol, ao serviço dos Hilal Al-Quds. «Todos os desportistas palestinos enfrentam desafios por causa da ocupação», declarou à revista Tribune, e Oday foi conhecendo, um a um, de perto.
Quando se estreou na seleção de futebol palestiniana, aos 19 anos de idade, o avançado pôde partilhar os relvados com Sameh Maraaba, jogador que foi detido durante oito meses pelas autoridades Israelitas. A Sameh foi atribuído o estatuto de detido administrativo, figura jurídica que permitia a Israel mantê-lo aprisionado indefinidamente.
Anos antes, Mahmoud Sarsak, também ele jogador internacional pela Palestina, foi alvo das mesmas arbitrariades por parte de Israel. A prisão aconteceu a 22 de Julho de 2009, numa das fronteiras da Faixa de Gaza. No caso de Sarsak a libertação só se deu passados três anos, após uma greve de fome de 80 dias.
A realidade da agressão israelita assumia ainda outras contrapartidas na vida de Oday Dabbagh, motivação suficiente para o fazer ambicionar «ser um embaixador dos jogadores palestinos». O estádio da sua equipa na Palestina, o Faisal al-Husseini, tinha de ser frequentemente abandonado por causa do gás lacrimógenio usado pelas forças militares, e foram vários os seus colegas que perderam as suas casas em consequência de bombardamentos israelitas.
Melhor marcador do campeonato do Kuwait, com 13 golos, e já com 20 internacionalizações pela seleção palestiniana, a contratação do avançado tinha já sido acordada em Julho, tendo as duas partes sido forçadas a esperar mais de um mês para que o seu visto de trabalho fosse aceite, «claro que este é um grande sentimento e uma fonte de orgulho não só para mim mas para todos os palestinianos», declarou Dabbagh.
Não é a primeira vez que a diáspora Palestina chega às ligas Europeias. Mohammed Saleh, nascido em Gaza, já antes tinha jogado na liga de Malta, uma das mais pequenas ligas da UEFA, e Daniel Mustafa, nascido na Argentina mas com nacionalidade palestiniana, jogou no Belenenses. Dabbagh é o primeiro caso de um jogador formado inteiramente nos escalões de futebol da Associação de Futebol da Palestina.
“AbrilAbril”, 6 de Setembro de 2021