
São muitas as iniciativas anunciadas, esta terça-feira, por Carlos Reis, professor jubilado da Faculdade de Letras de Coimbra, e comissário designado pela Fundação para dirigir o programa que terá lugar entre 16 de Novembro de 2021 e de 2022, dia em que o escritor completaria 100 anos.
Carlos Reis identificou ainda os «vários eixos de actuação [do programa], porque a sua obra literária e o seu pensamento a isso aconselham: no eixo da biografia, no da leitura, no das publicações e no das reuniões académicas. Comum a todos eles é o desafio de celebrarmos o legado de um escritor que, a caminho de cumprir 100 anos, continua tão actual como estas palavras que ele mesmo disse: “Vivo desassossegado, escrevo para desassossegar”».
As comemorações abrangem um vasto espectro de formas de expressão artística, indo das artes visuais ao cinema, ao teatro, à dança e à ópera. Em todas elas se encontram oportunidades para explorar «a figura e a biografia do escritor».
Consta do programa um vasto leque de exposições em torno da biografia e do espólio de José Saramago, assim como a organização de colóquios e leituras centrados na sua obra, em que se destacam as «Conferências do Nobel: emergências saramaguianas», a cargo do escritor e ensaísta Argentino Alberto Manguel, e as «Leituras académicas», que consistem em reuniões cientificas e acções de formação de professores em Portugal, Espanha, Brasil e Estados Unidos da América.
O programa «Saramago na escola», no qual 100 escolas promovem iniciativas em simultâneo em torno dos mesmos textos de José Saramago, marcará a abertura e o encerramento das comemorações do centenário e vida do autor.
No dia 16 de Novembro de 2021, 100 estabelecimentos do ensino básico promovem a leitura da obra A Maior Flor do Mundo. Também nesse dia, em 2022, será a vez de 100 escolas do ensino secundário se juntarem para ler excertos das obras O Ano da Morte de Ricardo Reis e Memorial do Convento.
José Saramago, único prémio nobel da Literatura Portuguesa, nasceu em 1922, na aldeia da Azinhaga, e morreu em Lanzarote, Espanha, em 2010, aos 87 anos. Deixou, entre romances, peças de teatro e livros infantis, um vasto acervo amplamente traduzido e divulgado internacionalmente. Escritor comprometido social, politica e humanisticamente, foi militante do PCP até ao fim dos seus dias.
“AbrilAbril”, 10 de Junho de 2021