Instituiu-se há tempos, no atribulado meio do comentário futebolístico nacional, o termo cartilha, para designar a prática de disseminação sistemática e organizada de uma determinada narrativa, previamente definida mas apresentada como sendo a opinião de cada um dos comentadores e articulistas. Não há como saber se a acusação tem fundamento, e neste caso talvez nem seja assim tão importante. Mas o que parece evidente é a existência de muitas cartilhas a circular nos jornais, rádios e televisões da nossa praça (e não só) e sobre questões bem mais sérias.
Torna-se difícil encontrar outra explicação para o recurso constante à expressão «conflito» para explicar o que mais uma vez se passou na Faixa de Gaza. Não seriam «massacre» ou «barbárie» conceitos bem mais apropriados para descrever bombardeamentos sucessivos sobre populações civis, amontoadas num território exíguo de onde não podem sair? Sobretudo sabendo-se que os mísseis visaram habitações, escolas, bibliotecas, serviços de saúde, centrais energéticas ou agências noticiosas e que provocaram a morte de dezenas de crianças…
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