Quando o novo inquilino da Casa Branca anunciou urbi et orbi que os EUA estavam de regresso às lides, o glamoroso América is back, como se alguma vez se tivessem ido embora, os poderes instituídos na Europa rejubilaram, felizes por se libertarem do sentimento de orfandade suscitado pelos excessos de Trump, que de tão despudorados dificultavam as conivências do costume.
Mais polido do que o seu antecessor, Biden pode dizer que considera Putin um assassino e que ele irá pagar por isso, expulsar diplomatas russos e impor sanções económicas à Rússia, sem com isso suscitar qualquer crítica. Do mesmo modo, pode ordenar às forças armadas norte-americanas que ataquem na Síria e ajudem os terroristas, manter as sanções contra Cuba e a Venezuela, ou acusar a China de ser uma ameaça à estabilidade global, que as ditas democracias europeias nem pestanejam.
A «ordem natural das coisas» voltou a reinar, temperada com o charme nada discreto da nova guerra fria com os suspeitos do costume, para sossego dos aliados e benefício do capital.
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