Há quem se empenhe em transformar a patrocinada emergência de forças políticas reaccionárias numa coisa estranha ao percurso e objectivos estratégicos da política de direita e dos partidos que mais lhe dão expressão. Como se uns e outros não tivessem a mesma natureza de classe e não servissem os mesmos interesses do grande capital.
Nuns casos à bruta, noutros com indispensáveis punhos de renda, identifica-se uma matriz comum do discurso de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal. O mesmo ódio de classe aos direitos dos trabalhadores e às suas organizações e lutas, a mesma determinação na sistemática desvalorização dos serviços públicos e a sua substituição por negócios privados, a mesma reverência ao «deus mercado» e ao que dele emana, o mesmo sentido de ajuste de contas com a Revolução de Abril e particularmente com uma Constituição da República que contraria os propósitos desta gente. Como não reparar na coincidência da agenda saída do recente Congresso do PSD com o «estou-me nas tintas para a Constituição» com que André Ventura anunciou a sua candidatura à «Previdência» da República?