Não se pretende convencer aqui ninguém de que os graves problemas que atingiram o sistema financeiro português teriam a sua resolução se fosse outra a intervenção dos ditos reguladores como o Banco de Portugal ou a Comissão de Mercados e Valores Mobiliários. Ou se porventura a ética dos banqueiros e dos altos quadros das administrações dos bancos fosse outra. O problema é bastante mais fundo e tem a sua origem na submissão do poder político aos interesses do capital monopolista. Desde as privatizações do sector financeiro, aos chamados resgates e «resoluções» de bancos, passando pela crescente concentração monopolista e «desnacionalização» da economia (com a intervenção directa da União Europeia e dos seus instrumentos) que conduziu à triste realidade de, com excepção da Caixa Geral de Depósitos – por sinal pública –, a «banca portuguesa» estar hoje, de grosso modo, sob domínio do grande capital espanhol, tudo isto mostra que, tal como o Partido tem afirmado, o crédito é um bem público demasiado importante para que possa ser gerido por interesses privados.
Multas por pagar – Vasco Cardoso
01 Domingo Mar 2020