Eles servem os poderosos. São «liberais na economia» mas «conservadores nos costumes». Admiram a infalível sapiência dos mercados, a quem de bom grado entregam os dedos e os anéis… do País. Para eles, os desejos do BCE, do FMI, do Banco Mundial são ordens.
Eles gostam da economia globalizada e apreciam a internacionalização e a busca de mercados de trabalho mais flexíveis e competitivos, mas ficam irritados quando na Ásia se faz concorrência desleal. Acham os direitos coisa do passado, mas intocáveis os privilégios dos seus senhores. Em nome da modernidade, querem «menos Estado», excepto quando é para socorrer a banca privada e os seus accionistas – ou, melhor dizendo, «a economia»… A meritocracia é o seu lema, mas emocionam-se quando vêem os filhos ao leme dos monopólios que foram dos papás.
Eles exultam com a grandeza da civilização europeia, que acreditam ser superior a todas as outras, mas repugna-lhes qualquer resistência das culturas inferiores, ingratas expressões de intolerância e atentados ao modo de vida europeu. Todos os dias fazem apelos à paz, mas incham de orgulho ao ver os seus soldados, quais cruzados, a exportar direitos humanos e democracia (trazendo em troca petróleo, gás ou diamantes). Não aparecem em público sem a bandeirinha nacional na lapela, mas para eles é a União Europeia («a Europa», como dizem) quem mais ordena. E, nela, a Alemanha übber alles.