Despertai!
Despertai vossos pés na terra que dá consistência,
no ar húmido e no frio que não entra na alma;
despertai vossas cabeças com toda a cósmica consciência,
em fábricas que são duras e em campos que não duram;
despertai esse mundo vasto e parado, sob a mortalha;
que não dá sentido a quem não sabe que caminho seguir
ou que, enganado, em estrada entrar; no fim da frase,
com a percepção da vida e da morte,
despertai a gente que sofre na tarde que desce,
duvidando-se se está viva ou morta.
Despertai, minha gente!
Aproxima teus dedos e agarra-me,
mesmo que eu me debata, fuja ou limite-me a cair no chão,
como crisálida do nada, do vazio,
na angustia do que nunca fui e podia ter sido.