Aveiro é tradicionalmente um distrito, política e socialmente, muito difícil para o desenvolvimento da acção política das forças de esquerda e para a acção sindical do Movimento Sindical Unitário.
Reflexo dessa dificuldade é, por exemplo, o facto muito esclarecedor, de, quer na eleição para Deputados à Assembleia da República, quer em Eleições Autárquicas, o distrito ser esmagadoramente dominado pelas forças políticas da contra-revolução e da política de direita.
Com efeito, nas eleições para a Assembleia Constituinte, que tiveram lugar a 25 de Abril de 1975, em pleno processo revolucionário, dos catorze deputados eleitos pelo círculo eleitoral de Aveiro, sete eram do PPD, cinco do PS e dois do CDS.
Quase dez anos depois, nas eleições realizadas a 5 de Outubro de 1985 para a Assembleia da República, dos quinze deputados eleitos pelo distrito, oito eram do PSD/CDS, quatro do PS, dois do PRD e um da CDU. Quatro décadas depois das eleições para a Assembleia Constituinte, em Outubro de 2015, dos dezasseis deputados eleitos pelo Distrito, dez eram da coligação PSD/CDS, cinco do PS e um do BE.
E se a correlação de forças dos deputados eleitos para a Assembleia da República é a que acaba de ser referida, nas autarquias, a situação é politicamente ainda mais problemática. Nas primeiras eleições autárquicas realizadas, após a Revolução de Abril, das dezanove presidências de Câmara, dezasseis foram para o PSD e para o CDS e três para o PS. Nove anos depois, nas eleições autárquicas de 15 de Dezembro de 1985, o PSD e o CDS ficaram com dezoito e o PS com uma.
Nas eleições autárquicas de 1 de Outubro de 2017, embora se tenha verificado uma melhoria a favor do PS – a que não é alheio o «Pacto de Agressão» assumido com a troika (FMI, CE e BCE), em Maio de 2011, cegamente executado pelo Governo do PSD/CDS, e a solução política entretanto encontrada – não foi substancialmente alterada a correlação de forças, uma vez que a direita do (PSD/CDS) conseguiu onze Presidências de Câmara, o PS seis, e grupos de cidadãos duas.