1 – O início da produção em série do famoso Ford Model T marca, simbolicamente, o início da sociedade de consumo, sociedade que fez da indústria automóvel o seu centro dinâmico e fez do automóvel o seu ‘deus’ mais venerado.
O fordismo significou, entre outras coisas, a redução substancial dos custos de produção, e a baixa dos preços tornando o automóvel, por volta de 1926, um bem de consumo de massa na sociedade americana. Em 1930 o número de automóveis registados nos EUA ultrapassava os 26.500.000 (apenas cerca de 5 milhões em toda a Europa). Em contrapartida, metade das dívidas das famílias americanas tinham sido contraídas para comprar automóveis.
Com efeito, a sociedade de consumo não está ao serviço dos consumidores, antes serve os interesses das grandes estruturas produtivas, que precisam de vender, a quem lhas possa pagar, todas as mercadorias que lançam no mercado. Daí a publicidade, a criação de necessidades, o aprofundamento do desejo de consumir. Daí a necessidade de facilitar as compras às pessoas de rendimentos médios e baixos: o crédito ao consumo tem desempenhado, desde então, este papel, levando as famílias a endividar-se, por vezes para além do que seria razoável.