Primeiro em versão de cartaz de rua, depois como argumento recorrente nos debates televisivos, o PS tem vindo a difundir nestas eleições a ilusória ideia de que, nos novos contratos de trabalho que foram celebrados ao longo da legislatura, 92% são sem termo (com vínculo efectivo) e apenas 8% seriam contratos de natureza precária. Só mesmo o PS para, em vésperas das eleições, atirar uma vez mais areia para os olhos numa situação onde a simples observação da realidade e o conhecimento concreto da vida de milhares de trabalhadores é suficiente para desmontar aquilo que, quer António Costa, quer o PS, sabem ser mentira.
O truque reside na comparação linear entre o número de contratos de trabalho existentes nos segundos trimestres de 2015 e 2019, para, a partir daí, chegar à dita conclusão. Uma mentira que cai por terra se tivermos presente que apesar de terem sido celebrados 838 043 novos contratos de trabalho (não considerando os contratos ultra precários de muito curta duração) neste período, destes, apenas a 396 840 foi garantido um vínculo efetivo. Na verdade, o que os números de Costa escondem é a altíssima rotação existente em cada posto de trabalho. Por exemplo, um trabalhador que esteja 6 meses numa empresa, 3 meses no desemprego, mais 2 meses noutra empresa e por aí fora, não conta para a estatística que o PS usa para mascarar a precariedade.