Em memória do Manuel Vinagre
Num último escrito, já chegado o Estio e após um mês de Julho em que dois ilustres arouquenses faleceram, o Manuel Vinagre e Elísio Azevedo, é justo deixar aqui umas palavras sobre uma qualidade (que ambos tinham, do primeiro conhecia a boa conversa, do segundo a boa escrita) cada vez menos apreciada nestes tempos, a sabedoria dos anciãos.
É certo que o que está a dar é o novo, o inovador, o criativo mas faço questão, também por isso, de aqui deixar um elogio ao velho, à experiência, ao clássico. A sabedoria humana, popular, foi sendo construída geração após geração fruto da experiência de vida de milhões de indivíduos e das comunidades onde eles estavam inseridos. Para um marxista a experiência individual e a experiência colectiva não podem ser dissociadas, estão imbricadas. Aliás, não por acaso, não comungamos a ideia liberal de que “o limite da minha liberdade termina onde começa a do outro”, não vemos os indivíduos como compartimentos estanques, os indivíduos interagem entre si e com a comunidade, a liberdade individual é uma relação com o colectivo onde se insere o indivíduo.