A propósito do falecimento na semana passada de Alexandre Soares dos Santos, fundador da Jerónimo Martins / Pingo Doce e um dos homens mais ricos do país, desenrolou-se o habitual cortejo de declarações e análises à biografia. Quase sem excepção, sucederam-se os elogios ao self mad man, ao «empresário de visão», ao «mecenas» da Pordata e do Oceanário. Repetiram-se vezes sem conta as imagens em que Soares dos Santos parece indignar-se com os baixos salários no sector do comércio, sem questionar sequer quais as condições de trabalho na empresa que durante quase 50 anos liderou.
Mas o elogio que mais perplexidade causou foi o de Marçal Grilo, ministro da educação do PS entre 1995 e 1999, que actualmente faz parte do Conselho de Curadores da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Afirmou: «era um grande português, foi um grande patriota, um grande empresário e um grande filantropo».