No nosso regime democrático houve quatro maiorias absolutas.
As duas primeiras foram as de Cavaco Silva (1987-1995). O «homem do leme» encavalitou-se no poder beneficiando dos dinheiros de Bruxelas, nesses tempos entrando a jorros, para que Cavaco desmantelasse as estruturas produtivas do País. E fê-lo, no tempo em que se gabava de ter Portugal «no pelotão da frente».
Os consulados de Cavaco foram um tempo de pesadelo: usando a fundo a discricionariedade das maiorias absolutas, o homem esbanjou dinheiro a pagar diligentemente o abate de barcos de pesca até a nossa frota pesqueira ficar reduzida à pré-indigência, a pagar a pequenos e médios agricultores para que não semeassem ou arrancassem vinhas, até a nossa agricultura deixar de abastecer 80% das necessidades do País para baixar aos 30%, a pagar e a promover a destruição da indústria pesada, ficando a resposta de Cavaco a um dirigente da CGTP a alertar para a gravidade da destruição da Siderurgia Nacional, que não precisávamos de produzir aço porque «havia muito aço e mais barato, para importar»…
A par disso, o dinheiro deu para promover uma quadrícula de estradas, frequentemente manhosas e mortais, mas que iam enchendo o olho aos autarcas, às autarquias e às populações beneficiadas, sem falar de múltiplas diligências legislativas, impostas pela maioria absoluta, para beneficiar os poderosos, exemplificadas com a famigerada Lei de Bases da Saúde, que escancarou este sector estratégico à gula dos privados.