
Abrangendo uma área superior a 20 mil hectares, correspondente às serras da Freita, Arada e Montemuro, o projeto de reintrodução do corço tem vindo a contribuir para o regresso de um cervídeo que habitou esta área há mais de 100 anos, para a sustentabilidade da paisagem e para a conservação do lobo-ibérico. Desde 2013, contam-se mais de 100 animais reintroduzidos de acordo com um projeto da ACHLI – Associação de Conservação do Habitat do Lobo-Ibérico com acompanhamento científico e monitorização permanente da Universidade de Aveiro (UA).
Apesar de considerar cedo para medir o sucesso do projeto de reintrodução do corço nas serras da Arada, Freita e Montemuro, Carlos Fonseca, professor do Departamento de Biologia da UA e coordenador científico deste estudo, aponta alguns sinais promissores: há avistamentos regulares de corços e das suas crias pelas pessoas que habitam estas serras e há predação do corço pelo lobo-ibérico, comprovado em laboratório pela análise genética dos excrementos de lobo.
A escolha deste cervídeo para o projeto prende-se com o facto de se saber que o corço é uma presa preferencial deste predador de topo caraterístico da fauna nativa portuguesa, salienta o investigador. A fragilidade populacional das alcateias que habitam estas serras e o estatuto de “em perigo” do lobo-ibérico assim o exigiam, afirma.