“- Ando mal senhor doutor!
– Ai sim!
– Sonhos estranhos, sete noites seguidas. Sonho que me chamam corrupto!
– Corrupto?
– Sim e sou achincalhado na praça pública! Porquê estes sonhos, senhor doutor?
– Diga-me uma coisa. Tem visto as peças daquele Jornalismo de Investigação da TVI?
– Sim.
– Tem lido as da Visão e do Observador?
– Sim.
– Está aí a explicação.”
O Interpretador de sonhos
Nos alvores deste mês tive uma estranha semana, sete noites e sete sonhos, a mesma narrativa mas com personagens diferentes, a única que se repetia era eu. A história era basicamente esta: a CDU tinha conquistado a Câmara Municipal de Arouca em 2017 e eu era acusado, na praça pública, de compadrio, corrupção e vigarices várias.
Na primeira noite era por causa do meu tio Manel, que tem uma casa de pneus, e tinha vendido uns pneus recauchutados, para um velho Renault Clio, e feito um desconto … a um camarada meu dirigente regional do PCP.
Na segunda noite era o meu café da manhã, diariamente tomado no Café Amizade, em frente aos Paços do Concelho, um café cujo filho do proprietário namorava … com a minha filha.
Na terceira noite a razão era o arranjo das bicicletas turísticas, as Arouca Buga, (duas correntes e três afinações de travões no chuvoso mês de Abril), cujo concurso de manutenção tinha sido ganho pela oficina do Carlitos … que era meu camarada.