Não bato no peito por ninguém, até prova em contrário.
Assim não venho, aqui, chorar nenhuma condição,
nem venho acudir a pessoas, vivas ou mortas, em premeditada oração.
Venho, apenas, em nome de gente e de um mundo sem véus,
lembrar-te, a ti e a mim, irmão,
que não nos devemos deixar cair em contramão,
sobretudo quando estão em causa vidas, pátrias, revoluções,
pois sendo nós portugueses, tu e eu, nascidos em cagaréus,
martirizados pelas pampas e cicatrizados pelo vento,
experimentados estamos pelo sofrimento.
É sabido que, ao longo dos séculos,
não encontrámos dentro dos muros da pátria,
próximo de nossa casa e de seus quintais,
como por trás do rio de ramagem verde,
como por dentro de quadrados ou de rectângulos,
como por debaixo de fados e de espigas,
sítio onde, como fogo,
gota de sangue ardesse.