Quando há greve nos transportes públicos, é garantido: as televisões acorrem às estações de comboio ou de autocarro a inquirir os utentes sobre «a incomodidade» da situação, recolhendo testemunhos a desancar nos contratempos que, judiciosamente, as reportagens parecem converter em testemunhos contra a greve. E em vários casos até são, porque a incomodidade é muita, mas o que as televisões nunca obtiveram dos «utentes» foi um testemunho substantivo, declarado e numeroso contra a forma de luta da greve, até porque a generalidade das pessoas que se deslocam em transportes públicos são gente de trabalho, que sabe na pele como elas mordem nos confrontos laborais.
Ultimamente, as greves têm alastrado no nosso País, fervilhando o descontentamento generalizado de profissões nos portos, na Saúde, na Educação ou na Justiça, lutando contra a fragilidade ou inexistência das carreiras e por tabelas salariais condignas. Um descontentamento contra os torniquetes da UE que alastra por Paris e pela Europa fora, anote-se.