Foi nesta sala, faz agora vinte anos que, num ambiente de efusiva alegria e com um justificado sentimento de orgulho, os comunistas portugueses festejaram a atribuição a José Saramago do Prémio Nobel da Literatura e o envolviam num simbólico e fraterno abraço de homenagem e reconhecimento de todo um Partido que era também o seu.
Era a primeira vez que um escritor português e da Língua Portuguesa recebia tal distinção e isso calou fundo no coração dos portugueses. Era com profunda emoção que os portugueses viam a obra de um grande escritor português ser reconhecido mundialmente. Era a primeira vez que viam um nosso grande escritor consagrado, à escala planetária, como figura maior da Literatura.
Hoje, aqui regressamos, para celebrar os 20 anos do Prémio Nobel e, desta vez, sem a sua presença física, mas connosco porque foi essa sempre a sua vontade e decisão até ao dia em que nos deixou por imperativo da lei da vida que nos faz mortais e fazendo jus às suas palavras nesse inesquecível Outubro de 1998 que ecoam ainda na nossa memória de companheiros de combate por um mundo melhor: – “Eu hoje com o prémio posso dizer que, para ganhar o prémio, não precisei de deixar de ser comunista.”