Se a preparada resposta à engendrada «intentona da esquerda» de 25 de Novembro tivesse «dado para o torto» com a derrota da direita, haveria uma solução à chilena, com aviões vindos do Norte a bombardearem Lisboa, «a vermelha».

Frank Carlucci e Mário Soares
Voltar ao passado pode parecer fútil num tempo em que se desenrolam importantes lutas pela reposição de direitos do trabalho e já cheio de temas «fracturantes», que um amigo, com humor, diz serem uma questão ortopédica.
Contudo, as memórias podem ajudar a perceber como algumas forças políticas se alinharam em tempos idos, escondendo, debaixo de um manto diáfano de belas frases, objectivos estratégicos ligados aos piores interesses.
Vem isto a propósito do recente falecimento de Frank Carlucci, antigo embaixador americano em Portugal entre 1975 e 78, indo depois ocupar o cargo de Director-adjunto da CIA (78-81).
«Durante o longo tempo em que esteve em Portugal, criou, com o futuro Presidente Mário Soares, uma cumplicidade estratégica essencial», – declarou o Presidente Marcelo, também ele um amigo de Frank Carlucci.
Na realidade, Carlucci esteve só três anos como embaixador em Portugal mas foi, de longe, o mais famoso de todos. E a forma como se fala dele é, agora, muito diferente.
«Cumplicidade estratégica» entre Carlucci e Mário Soares?…
Nos anos 70, se alguém o dissesse, corria o sério risco de ser apelidado de mentiroso, radical, sectário comunista! Mesmo o jovem Marcelo, ainda a adaptar-se à mudança por ter vivido sempre «encostado» à ditadura, talvez dissesse que nem conhecia o ianque…