
Arouca, 1 de Junho de 2018
“A monocultura do eucalipto e do pinheiro, em povoamentos contínuos, extremes ou mistos, tornam-na vulnerável aos incêndios, propiciam a degradação dos solos, erradicam espécies tradicionais, põem em causa rios e ribeiros e contribuem decisivamente para a diminuição da diversidade vegetal e animal.” in Arouca – Desenvolvimento, Ambiente e Recursos Naturais, II Caderno Temático PCP, 2013
I – Terminou, ontem, o prazo dado pelo Governo para a limpeza dos perímetros florestais das aldeias e das faixas laterais da rede viária. O primeiro grande sublinhado a fazer, em Arouca e no país, é que a realidade não acompanhou a lei, não é possível fazer em meses o que se abandonou em décadas. A alteração do estado da floresta só será possível com tempo, recursos e, principalmente, opções políticas de ruptura com quatro décadas de abandono deliberado da floresta e do mundo rural.
II – A campanha do Governo de limpeza da floresta, – imposta pela calamidade dos incêndios de 2017 e o consequente baque psicológico colectivo – sendo necessária, tanto no plano concreto como pedagógico, e apesar de alguns números ridículos de propaganda por alturas do equinócio primaveril, não pode servir para passar culpas às autarquias e aos pequenos proprietários, caso nos deparemos (com novos episódios climatéricos extremos – altas temperaturas, baixa humidade e ventos moderados a fortes) com uma nova vaga de incêndios.
III – Décadas de definhamento da floresta e do mundo rural, de concentração de recursos e investimentos no litoral e nas maiores cidades, de encerramentos maciço de serviços no interior, de uma política agrícola e florestal de abate e abandono dos campos e de extinção dos serviços do Estado de apoio ao sector primário, não podem, agora, num ápice, ser resolvidas com uma excitante primavera de enxada em punho e moto-roçadeira a tiracolo, nem numa campanha de desbaste cego.