A delirante campanha orquestrada contra a Rússia a partir da Grã-Bretanha merece reflexão. E isto porque, para além da sua colossal dimensão mediática, ela constitui um passo adiante na escalada de hostilidade e confronto das grandes potências imperialistas, concertadas em torno da NATO, contra a Federação Russa. Não há dúvida de que ela funciona como manobra de diversão perante as dificuldades do governo de Theresa May no processo do Brexit, os impasses e divergências no processo de integração capitalista europeu – como ficou claro no Conselho de 23/24 de Março –, as incidências na UE da guerra comercial desencadeada pelos EUA tendo como principal alvo a China.
Não se trata aqui de especular sobre o que realmente se passou com o espião russo do M16 britânico. Se há questão na análise internacional em que se aconselha prudência ela é a que envolve (na linguagem dos «especialistas») serviços de «inteligência» e «operações encobertas». Trata-se sim de compreender as razões de tanto alarido e tanta ameaça que, tendo em conta as potências envolvidas, pode ter desenvolvimentos muito graves para a segurança e a paz mundial pois o contexto em que aquela campanha se situa é a de uma demencial corrida aos armamentos por parte dos EUA e seus aliados e quando a doutrina militar de Washington aponta expressamente a Rússia e a China como inimigos a conter e derrotar.