Dê-se as voltas que se queiram sobre os resultados eleitorais, nenhuma poderá fugir de um facto: a direita, concentrada no «PAF» do PSD/CDS, obteve 38,8 por cento (1 981 459 votos), tendo contra si todos os outros resultados, que somam 50,9 por cento e 2 736 845 votos (considerando apenas os do PS [32,4%], do BE [10,2%] e da CDU [8,3%]) ou 53,4 por cento, (se aceitarmos também os resultados residuais do PAN [1,4%] e do PDR [1,1%], com a sua hostilidade, igualmente declarada, ao Governo ou às suas políticas).
A direita sofreu uma derrota eleitoral avassaladora: menos 12 de percentagem do que nas anteriores eleições legislativas, que corresponde a uma perda de mais de 700 mil votos entre 2011 e 2015 (a coligação no seu conjunto ficou abaixo da votação que o PSD sozinho obteve em 2011).
Intervenção de Edgar Silva, membro do Comité Central e candidato a Presidente da República , Lisboa.
I – Apresento hoje a declaração da minha candidatura a Presidente da República.
Esta candidatura é indissociável de um colectivo que a impulsiona e inseparável de uma memória viva, de uma longa história de resistência e de projecto. Há uma memória partilhada e vivida por tantos homens e tantas mulheres que não se resignam, nem se renderam ao mal da resignação. Há uma longa marcha do sentido do intolerável. Contrariando pretensos determinismos e diversas fatalidades, existe uma imparável corrente de homens e de mulheres com a consciência de que a História não pode ser parada. Muitas e inúmeras mãos querem a transformação da História. Esse desassossego corresponde a um longo caminho de procura de afirmação do humano, à construção de percursos concretos de libertação. É porque reconheci, com a minha própria intervenção, que as causas e lutas de cada um, por mais generosas e empenhadas que sejam, ganham mais força e sentido material quando partilhadas colectivamente, que aqui cheguei a este espaço de luta comum.
Assim, esta é a nossa candidatura, a nossa, de uma extensa e funda energia transformadora. Esta é, e será, a nossa candidatura a Presidente da República, a nossa, de um amplo movimento vital para a libertação de todos e de cada um dos homens e de cada uma das mulheres.
Este é um tempo em que, no Mundo, cresce uma perversa desigualdade económica entre os indivíduos e entre os países. Multiplica-se a degradação social. Acentuam-se as chagas ambientais e agravam-se os problemas dos trabalhadores e alastra a pobreza, tudo na decorrência directa do domínio absoluto dos grandes grupos económicos. Deste modo, degrada-se a injusta ordem internacional assente na despótica lógica dos mercados que, por cima dos Povos e dos Estados, se vai apropriando de todas as decisões e escolhas, multiplicando focos de tensão e de guerra, espalhando os terríveis flagelos das migrações forçadas e dos refugiados, do desemprego, da fome e da miséria, que mergulham grande parte da Humanidade em indizíveis carências e intoleráveis sofrimentos.